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932 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

assim como é necessario votar verbas para obras publicas, é indispensavel todos os annos dispor de algumas verbas para o material naval e para o exercito. (Muitos apoiados).

Em relação á acquisição dos navios, a que s. exa. se referiu, diga-se com verdade que a camara transacta teve occasião de votar uma verba relativamente apreciavel, no valor de 2:800 contos de réis, para navios de guerra: É claro que com esta somma não se podiam adquirir navios de alto valor militar, e por isto o governo transacto naturalmente ponderou o seguinte:

Desde, que não podemos augmentar rapidamente a nossa esquadra e somos forçados, pelas circunstancias especiaes das nossas finanças, a ter uma pequena marinha colonial, compremos navios de guerra, que, tendo um certo valor militar, sejam um excellente meio de policia colonial e possam servir especialmente para as nossas colonias.

Sem pretender defender o governo transacto, nem entrar na apreciação d'este assumpto, creio que é esta a justificação da acquisição do cruzador D. Calos, em tudo á altura da sua missão, e de dois navios, talvez impropriamente chamados cruzadores, mas que são de velocidade e capacidade suficientes para o serviço colonial.

É certo que em logar d'estes cruzadores se podiam ter adquirido dois contra torpedeiros, como s. exa. disse e, que, como elementos de guerra, seriam preferiveis. Parece-me isto, apesar de ser um pouco profano no assumpto, posto que, na minha qualidade de professor da escola do exercito, devo estudar as condições da nossa marinha.

Mas o que é certo é que os contra torpedeiros seriam um melhor elemento de guerra; e é intenção do actual governo mandar construir no nosso arsenal um cruzador e dois navios para o serviço colonial, aproveitando o prestimo do distincto engenheiro o sr. Cronoau.

Os dois navios S. Gabriel e S. Raphael, para elles satisfazerem as condições especiaes dos cruzadores, seria necessario reduzir-lhes a parte do navio destinada aos alojamentos, a fim de que os paizes tivessem mais capacidade para combaterem e carvão necessario para a machina.

Aqui está a explicação do que se fez, um pouco contrario talvez às melhores regras da organisação dos navios de guerra, mas que se explica pela circumstancia de haver pouco dinheiro e de se pretender adquirir navios que satisfaçam ao serviço da policia e às necessidades multares, ainda que não satisfaçam as necessidades que se devem exigir num navio de guerra moderno.

Embora o nosso paiz não tenha meio de adquirir d'esses mastodontes, como o Magnificent, o Lepanto e o Dhuilio, etc., póde no emtanto adquirir navios susceptiveis de uma velocidade igual á d'estes cruzadores.

Uma nação como a nossa não póde aspirar a ter esses navios; deve aspirar apenas a ter navios de guerra que satisfaçam a condições de grande capacidade de artilheria e alem disso a possuir uma esquadra de torpedeiros, absolutamente indispensavel para a guerra moderna.

O rebocador custou emotivamente 440:000 francos, que ao cambio d'essa epocha darão certamente a verba citada por s. exa. de 122 contos de réis.

Esse rebocador foi construido em boas condições; mas, diga-se a verdade, sendo um rebocador de alto mar, não era propriamente destinado a uma empreza como aquella que eu consenti que fosse desempenhar, com o fim principalmente de lhe experimentar o seu valor. E

Esse navio era commandado por um oficial muito distincto, como o é tambem o actual commandante.

A empreza nacional, embaraçada com a circumstancia do Loanda ter perdido o helice, e não haver nenhum rebocador que podesse trazei-o, recorreu ao governo. Embora eu soubesse que o Berrio é um rebocador de alto mar, mas não destinado a grandes viagens, aventurei-me á concessão, depois de ter ouvido as estações competentes para ver o resultado que se obtinha.

Se o Berrio tivesse de rebocar o Luanda em condições de bom mar, e não tivesse que luctar com o vento nordeste forte e mar de vaga, podia tel-o trazido; mas como o mar era de vaga e o vento nordeste, a velocidade tinha de ser pequena e o consumo de carvão grande, em relação ao esforço desenvolvido pelo barco.

Se o commandante insistisse em trazer o Loanda corria o risco de, chegado a um certo ponto da viagem, já não trazer carvão.

Diga-se a verdade, o rebocador Berrio não era capas da empreza que eu consenti em relação a um navio de grande tonelagem, vindo atestado de carga como o Loanda; mas para o serviço a que elle deve ser destinado, isto é, o de acudir a qualquer desastre nas nossas costas, parece-me que satisfaz às condições d'elle exigidas, e que o dinheiro empregado no sen custo não foi perdido.

Em todo o caso, bem desejava eu poder largar a pasto da marinha, tendo dotado a marinha de guerra portugueza com tres navios: um cruzador regular, como é o D. Corlos e duas canhoneiras para serviço colonial, bons navios como são S. Gabriel e S. Raphael e com um rebocador. Infelizmente o periodo angustioso que atravessa o thesouro não me dará provavelmente essa satisfação.

Quanto aos engenheiros navaes, concordo plenamente com a opinião de s. exa.

Se porventura, durante a minha gerencia, houver occasião de construir alguns navios no estrangeiro, o governo terá o cuidado de mandar engenheiros navaes assistir á construcção d'esses navios, porque quer ter pessoal technico habilitado; do contrario, não se póde exigir uma competencia especial, porque no paiz não se lhes proporciona a aprendizagem suficiente.

Quando eu tomei conta da pasta da marinha já a construcção do cruzador estava bastante adiantada, e não me pareceu de grande vantagem aggravar a despeza, mandando alguns engenheiros navaes ao estrangeiro para assistir á construcção. Acho, porém, o principio apresentado pelo illustre deputado perfeitamente racional e sensato.

Pelo que respeita ao pedido de s. exa. para que o mappa que acompanha o orçamento esteja em harmonia com a força naval, e este effectivamente está, será satisfeito.

Os tres cruzadores que estão em construcção devem estar em Portugal no segundo semestre d'este anno civil e primeiro semestre do anno economico futuro, e por isso pareceu-me conveniente attender a esses tres navios, pelo que mandei alterar o mappa do quadro da força naval em harmonia com estas condições.

Terminando, direi que não pretendi responder ao discurso do illustre deputado, mas simplesmente desejei dever dar estas explicações, exactamente com o fim de fazer propaganda a favor do engrandecimento da nossa esquadra.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Eduardo Villaça: - Manda para a mesa o parecer das commissões, reunidas, de obras publicas e fazenda, sobre o projecto de lei n.° 34-B, que auctorisa a rescisão do contrato relativo às levadas da Madeira.

Mandou-se imprimir.

O sr. Moreira Junior (por parte, da commissão de instrucção superior): - Sr. presidente, mando para a mesa o parecer acerca do desdobramento da cadeira de mineralogia da escola polytechnica de Lisboa.

A imprimir.

O sr. Ferreira de Almeida: - Sr. presidente, esqueceu-me ha pouco, com o desejo de abreviar a minha exposição, de apresentar á camara um documento que é indispensavel que ella conheça por se relacionar com os Assumptos de que tratei.

Em 4 de outubro do 1895 officiei ao ministerio dos negocios estrangeiros pedindo que, por aquella secretaria, se consultasse o governo inglez sobre se poderia ceder a Portugal um cruzador já construido, de boa velocidade,