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SESSÃO DE 31 DE MAIO DE 1887 319

as mais exactas e conscienciosas, deixa-nos impressão de que se era notavel o valor, a ousadia, ás vezes a virtude dos homens que de Portugal saiam para o oriente, notavel era tambem a sua ignorancia... mais, a sua incapacidade para perceber a arte, os costumes, a religião dos povos que conquistavam. Mais de um seculo dominámos na Índia e para a conhecermos foi necessario que outros a fossem devassar.

Parece que os heroes portuguezes não tinham olhos para ver e que o seu horisonte era circumscripto pelo raio das suas espadas.

Registavam cuidadosamente os feitos militares ou religiosos e do mais não curavam, e se, por excepção, se encontra alguma particularidade relativa ao viver intimo dos povos descobertos é raro que não seja ou falsa ou pueril. As proprias decadas não estão isentas d'este vicio. Garcia da Horta, homem de sciencia para o seu tempo, ao lado de muito curiosas observações, narra com seriedade pasmosa as mais grosseiras patranhas, e se alguns houve que mais illustrados ou mais conscienciosos narraram com verdade o que viram da flora, da fauna e da topographia das regiões que atravessaram, das instituições e do viver social dos povos que visitaram, como Fernão Mendes Pinto, que ha trezentos annos contou a China que hoje conhecemos, como os chronistas das expedições da Abyssinia, que descreveram o que viajantes modernos como Abbadie e outros confirmam agora, pelos contemporaneos foram taxados de mentirosos.

Fernão Mendes, por exemplo, com a sua exactissima relação, só conseguiu ser conhecido por longos annos por Fernão Mendes Minto.

O sr. Presidente: - Devo lembrar ao digno par que já deu a hora.

O Orador: - Se v. exa. me permitte, ficarei com a palavra reservada para ámanhã continuar.

(O orador foi cumprimentado por muitos dignos pares.)

Leu-se na mesa a moção do digno par o sr. Fernando Palha, que é do teor seguinte:

"Depois das palavras-exaltar com justiça o nome portuguez -, acrescentar -lamentando ao mesmo tempo que as circumstancias ainda não permitiam o abandono completo, do direito cujo exercicio em territorio estranho só póde ser causa de difficuldades e em nada contribue para a prosperidade da patria. = Fernando Palha."

Foi admittida á discussão.

O sr. Presidente: - A proxima sessão terá logar ámanhã, e a ordem do dia será a continuação da que estava dada para hoje.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas da tarde.

Dignos pares presentes na sessão de 31 de maio de 1887

Exmos. srs.: João Chrvsostomo de Abreu e Sousa, João de Andrade Corvo; duque de Palmella; marquez de Sabugosa; arcebispo de Braga (resignatario); condes, de Alte, do Bomfim, de Castro, da Folgoza, de Gouveia, de Linhares, de Magalhães, de Paraty, de Valenças; viscondes, da Arriaga, de Benalcanfor, de Carnide, da Silva Carvalho, de S. Januario, barão do Salgueiro; Ornellas, Adriano Machado, Braamcamp Freire, Aguiar, Silva e Cunha, Senha, Oliveira Monteiro, Serpa Pimentel, Costa Lobo, Telles de Vasconcellos, Barjona de Freitas, Cau da Costa, Bazilio Cabral, Sequeira Pinto, Pinheiro Borges, Hintze Ribeiro, Fernando Palha, Francisco Cunha, Margiochi, Ressano Garcia, Barros Gomes, Henrique de Macedo, Jayme Moniz, Melicio, Valladas, Vasco Leão, Coelho de Carvalho, Gusmão, Bandeira Coelho, Baptista de Andrade, Castro Guimarães, Castro, Silva Amado, José Luciano, Teixeira de Queiroz, Sá Carneiro, José Pereira, Mexia Salema, Sampaio e Mello, Bocage, Camara Leme, Seixas, Pereira Dias, Vaz Preto, D. Miguel Coutinho, Miguel Osorio, Calheiros, Thomás Ribeiro, Thomás de Carvalho, Serra e Moura.

Redactor = Carrilho Garcia.