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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 7

vam os destinos das nações pequenas, em que a Justiça e o Direito lutavam contra a opressão e contra a tirania.

Sr. Presidente: nessa peleja inaudita, a Alemanha não tinha somente por fim estrangular a França, aniquilar a Inglaterra - estava em jôgo a sorte das pequenas nacionalidades, que o império alemão pretendia esmagar.

Encontraram-se nessa luta gigantesca raças diversas, mas ainda desta vez não nos desamparou o Deus das batalhas, surgindo a apoiar-nos as figuras prestigiosas de Wilson, Clemenceau, Lloyd George e Hei Alberto da Bélgica, a par de muitos outros, e afinal ruiram tronos seculares.

Sr. Presidente: vencida a Alemanha, uma nova hora de liberdade e democracia se nos apresenta, o justo é que o Parlamento Português, honrando as suas tradições, preste as suas homenagens mais calorosas, as suas saudações mais efusivas a todas as nações que deram o seu esforço, o seu sangue, os seus filhos em prol da democracia, da civilização e da liberdade, sendo de suprema justiça que nessas homenagens sejam englobados aqueles que se sacrificaram e morreram.

Glória, pois, aos exércitos aliados, glória ao exército português, e glória, finalmente, aos mortos, que, - segundo a frase de Clemenccau - são os eternos conselheiros dos vivos. (Muitos apoiados).

O orador foi cumprimentado por todos os lados da Câmara.

O orador não reviu.

O Sr. Aires de Ornelas: - Sr. Presidente: é com sentimento profundo da honra que me cabe como leader da minoria monárquica nesta Câmara, que eu me levanto para usar da palavra. Comemora-se uma das grande" passagens da história do mundo e da humanidade; comemora-se uma vitória na qual se jogou a existência duma civilização inteira; comemora-se o triunfo dos aliados, aos quais nos ligam e nos prendem as gloriosas tradições da história portuguesa.

Sr. Presidente: não se deve admirar a Câmara de que a minha primeira saudação vá para quem tam alto manteve a honra e o prestígio desforças de torra e mar: para o soldado português. Não há muito que alguém vindo da frente me contou que naquelas unidades que bateram o record de presença nas trincheiras - porque lá estiveram onze meses - um oficial de ronda preguntava a um soldado, dêsses em quem visivelmente se notava ter chegado ao limite de resistência das forças humanas, se podia continuar ali.

Resposta do soldado; "Oh meu alferes, isto não é homem; isto é só coraje!

Não conheço frase mais admirável: uma raça que tem homens desta têmpera, de quem saem expressões destas não pode perecer!

Mando, pois, direito a minha saudação aqueles artilheiros que morreram abraçados às peças, quando atacados pelas massas alemãs, sacrificando assim a sua vida heróica e épicamente, cobrindo com os seus peitos o caminho de Calais.

Vai tambêm, Sr. Presidente, a minha saudação à memória dos heróis do caça minas Augusto de Castilho,, que num rasgo de intemerata bravura souberam manter as tradições gloriosas do nosso passado.

São factos dêstes que fazem sentir ainda hoje nas caliginosas trevas da política portuguesa alguns clarões de esperança e alguma visão do futuro.

Depois de falar em nós vai no dia de hoje a nossa primeira saudação à, nossa mais antiga, mais velha e tradicional aliada portuguesa a Gran-Bretanha. (Apoiados).

Ao Rei Jorge, o grande soberano dessa grande Nação, cabem boje os versos que o poeta dos Lusíadas dirigiu ao Rei de Portugal do seu tempo:

Vós poderoso Rei, cujo alto império
O sol logo em nascendo vê primeiro,
Vê-o depois no meio do hemisfério
E quando morre o deixa derradeiro!

Muito alto subiu a fôrça da tradicional instituição que êle representa durante esta guerra, reunindo em volta de si os domínios do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia, e a Grande União Africana, essas grandes nações de amanhã!

Porque ninguêm definiu a guerra melhor que o kaiser quando há poucos meses, celebrando o aniversário da sua subida ao trono, disse ser a luta entre o conceito germânico e o conceito anglo-saxónio.

O que era o conceito alemão no governo das sociedades mostra-o o atro-