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8 Diário da Câmara dos Deputados

pêlo de todos os direitos feitos durante a guerra; o que é o conceito anglo saxónio dizem-no essas nações filhas do império britânico, cujo alicerce é o respeito das liberdades civis e direitos individuais sem os quais não há sociedade humana possível.

Por mercê de Deus venceu êste último conceito!

Sr. Presidente: não pode sofrer diminuição por não ser citada em primeiro lugar a França imortal, a primeira entre as nações beligerantes, tanto pelo seu esforço como pelo seu sofrimento.

Não há nada na civilização latina que não nos toque de perto, e sem querer servir-me de um lugar comum, que diz ter todo o indivíduo duas pátrias, a sua e a França, nunca se pode deixar de reconhecer a influência que a França, como atalaia da civilização cristã e latina, tem exercido na vida portuguesa.

A França deu provas de uma resistência que a muitos deixou surpreendidos, pois muitos dos que viajam só a conhecem pelo boulevard e pelos cabarets de Montmartre.

Mas ela soube sempre conservar o seu exército por uma organização especial fora e acima de toda a política partidária, mantendo intacta as mais gloriosas tradições da história militar, e apresentar hoje uma plêiade de chefes como os marechais Joftre, Foch e Petain!

Poucos episódios são mais comoventes do que o que se passou nessa manhã de 25 de Março, em volta do Hotel de Ville da pequena cidade de Doulons. Chegavam às 9 da manhã os automóveis conduzindo o Presidente Poincaré, Clemenceau o depois Petain o Foch para o rendez-vous ajustado com o comando britânico.

As horas iam passando e cada um, segundo o seu temperamento, passeiando no jardim; Petain, tranquilo, com a impassibilidade que é seu carácter; Foch, mais nervoso, como que impaciente por vencer, sacudia com a chibata as pedras do caminho, como Bonaparte em Marengo, quando esperava a divisão Desaix.

A impaciência era, porêm, já grande; o Estado Maior inglês não aparecia; às onze horas apeou-se emfim Douglas Haig do seu automóvel.

Clemenceau vai direito a êle e diz:

- "Os senhores querem a paz amanhã, ou a vitória?

Haig respondia que os exércitos britânicos estavam prontos a continuar a lutar.

- Então é o comando único! - exclamou Foch.

Entrou-se no hotel de Ville e pouco depois estava redigido o documento sancionando êsse facto para a breve trecho mudar a face da guerra.

O que daí resultou está na memória de todos; ninguêm esqueceu a arte que presidiu ao restabelecimento estratégico, o que foi o ataque de Magin sôbre Couseilles e finalmente a admirável manobra que fez ruir a célebre linha de Hindenburgo; uma vitória como não há memória na história.

Depois da França, a Bélgica. Quiseram pagar-lhe com dinheiro a honra: unida em volta do seu Rei, repeliu a afronta e sacrificou quanto humanamente é possível. Hoje está rediviva e o grande-Rei Alberto é aclamado à entrada em Gand pelos socialistas vermelhos.

Também um deputado radical socialista aclamava outro dia o Rei de Itália em sessão do Parlamento; é que a grande casa de Sabóia acabou a realização do grande idial da união italiana.

A nação italiana tambêm as nossas saudações.

E antes de concluir, para eu não tomar mais tempo à Câmara, não posso deixar de dirigir as mais calorosas saudações à nação que afinal veio para a guerra por ser nossa irmã, à obra prima da nossa colonização - o Brasil. Foi Rui Barbosa - e como portugueses devemos disso orgulhar-nos - quem melhor que ninguêm soube definir os idiais latinos em jôgo neste conflito e quem mais elevadamente soube fazer a apologia do Direito, violado pela agressão alemã. E faço votos por que esta casa possa sempre testemunhar a união de todos os portugueses perante os momentosos problemas que se vão decidir na próxima conferência da paz.

Tenho dito.

O Sr. Pinheiro Torres: - Em Junho de 1916 eu tive a honra de tomar parle em uma sessão célebre, realizada nesta cidade em homenagem à Bélgica martirizada