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28 Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: - Sr. Presidente: em Portugal usa-se e abusa-se do argumento das conveniências políticas, dos motivos internacionais. Quando o Govêrno não quere dar qualquer explicaições, lá vem o refrain habitual: altas conveniências internacionais impedem-nos de explicar este facto.

Em França, pude acusar-se em plena Câmara Malvy, Caillaux, Humbert, Turmel de crimes de alta traição.

Dizia-se que Malvy tinha fornecido ao inimigo os planos de ataque ao Chemin des Dames e provocado desordens na retaguarda dos exércitos inimigos. Acusava-se Caillaux e Humbert do inteligências com o inimigo. Acusava-se Turmel de comércio com o inimigo. E fez-se isto no momento em que a Franca atravessava um período de desânimo e incertezas do futuro. Não se invocaram conveniências políticas para ocultar verdades.

Certamente que em Portugal nada se assemelha a isto, nem na gravidade dos crimes, nem na do momento que atravessamos.

Um Ministro da República Francesa fornecer documentos ao inimigo - que cousa tremenda!

Estranho a circunstância do leader monárquico ter levantado a questão Teles de Vasconcelos tam frouxamente!

E preciso que êste caso se esclareça para não dar lugar aos boatos que correm para aí.

Eu já até ouvi dizer que o Sr. Teles tinha recebido dinheiro dos alemães. Chegou essa acusação ao Govêrno? Não sei. Quero crer, para honra de todos nós, que Teles do Vasconcelos não teria ido alêm dum germanofilismo mais ou menos imbecil. É preciso, pois, que tudo se esclareça para que o Sr. Teles de Vasconcelos não continue mais tempo sob uma tam vergonhosa suspeição, ou para que receba o castigo que merece porventura.

Sôbre o caso tenho ouvido as mais variadas versões. Uma delas, por exemplo, funda a prisão dêste Deputado nos artigos do jornal o Liberal.

Eu não sei se isto é verdade, mas, se assim fôsse, muita gente mais tinha que ir para a cadeia.

Eu tenho aqui alguns jornais monárquicos aonde se escreveram cousas bem mais graves do que tudo o publicado no Liberal.

O Dia de 3 de Novembro de J 910 diz o seguinte, por exemplo:

Leu um trecho em que se diz que não desejamos a vítima dos aliados.

Como êste artigo há muitos outros, e, por consequência, mais companheiros deveria ter comsigo na cadeia.

Acho, pois, que a Câmara mal fez não pedindo ao Govêrno que diga os motivos porque o Sr. Teles de Vasconcelos está preso.

Parece-me justificada suficientemente u moção que mandei para a Mesa.

O actual Govêrno tem exorbitado, pondo a descoberto o Poder Legislativo.

Sem autorização tem armado em Poder Legislativo.

Não tem respeitado as imunidades parlamentares.

Não podemos, pois, consentir o poder nas mãos de homens que mio sabem usar dele.

Ao terminar desejaria apenas que a Câmara se, por ligação partidária ou conveniências políticas, não resolver votar n minha moça o, que faça exame de consciência.

E cada um dos seus membros, metendo a mão na sua consciência, dirá decerto para comsigo que tenho razão nas minhas afirmações.

Tenho dito.

O Sr. Adelino Mendes: - Invoco o Regimento, nos seus artigos 21.º e 24.° e seu parágrafo, que mostram que os trabalhos da Câmara não podem continuar por ter dado a hora.

O Sr. Almeida Pires: - O que regula é o artigo 23.°

Assim, a sessão acaba, às 19 horas.

O Sr. Presidente: - Sôbre a generalidade tem a palavra o Sr. António Cabral.

O Sr. António Cabral: - Já há duas sessões que eu pedira a palavra sôbre o assunto.

O Sr. Presidente: - O Sr. Cunha Lial pediu a palavra sôbre a ordem, e portanto falou, em primeiro lugar.

O Sr. António Cabral: - Eu julgava que estava inscrito em primeiro lugar.