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Sessão de 9 de Dezembro de 1918 9

O Sr. Adelino Mendes: - Não pode ser!

O Sr. Cunha Lial: - Supõe V. Exa. que o incidente fica assim liquidado?

O Sr. Presidente: - Eu estou regulando os trabalhos da Câmara. A primeira parte da ordem do dia é constituída por eleição do comissões.

O Sr. Adelino Mendes: - Parece-me, Sr. Presidente, que é ao Sr. Secretário de . Estado da Guerra que compete vir, pessoalmente, a esta Câmara dar as explicações que V. Exa. nos deu. V. Exa. não nos ofendeu; V. Exa. não colaborou com o Sr. Secretário de Estado da Guerra. Portanto, não tem V. Exa. a mais leve responsabilidade no que o Sr. Secretário de Estado fez. Êle é que tem a obrigação de vir dizer à Câmara que não nos quis magoar e não V. Exa.

Assim é que fica certo.

O Sr. Presidente: - Eu só dei explicações.

É incidente para tratar na devida altura.

Tem a palavra o Sr. Maurício Costa, que a pediu para um negócio urgente.

O Sr. Maurício Costa: - Sr. Presidente: antes de entrar no triste, lamentável e ao mesmo tempo revoltante assunto que me obriga a usar agora da palavra nesta Câmara- o assalto afrontoso frito à sede do Grémio Lusitana em Lisboa - permita-mo que, aproveitando o ensejo de agradecer-lhe o reconhecimento da urgência, feito esponte sua sem consulta da Câmara, atirine a V. Exa. o meu inteiro convencimento da alevantada correcção e imparcialidade que inspiram a sua direcção dos trabalhos parlamentares, felicitando por isso muito sinceramente V. Exa. pela ascensão ao alto cargo que ocupa e que eu estou certo de que V. Exa. saberá sempre prestigiar com a hombridade e brilho com que tem sabido prestigiar a sua toga de advogado ilustre e a sua cátedra de iminente professor. Por muito que sejam as divergências de ideas e princípios que nos separem - e profundas são elas a meu pezar - há entre nós dois laços que indissoluvelmente nos unem. O primeiro, é que tanto V. Exa. como eu, somos homens de leis, cultores conscientes do direito; e, embora não estejamos muito na moda, a verdade é que constituímos de facto uma recíproca garantia da consideração e respeito que todos para com todos devemos manter dentro desta casa.

Outro laço, porem, nos liga, somos ambos portugueses e isso é neste momento quanto basta para que possamos e devamos entendermo-nos e unimo-nos, com abdicação embora das nossas mais queridas reivindicações, em defesa da Pátria que ora reclama a coesão e o esforço de todos os seus filhos, em nome dos altos e sagrados interesses nacionais.

Ora, é justamente porque Portugal necessita neste momento do concurso de todos os seus filhos, que mais vem enegrecer a nossa alma, que mais revoltam a nossa consciência os assaltos e afrontas da natureza daquele a que me refiro e de que tam irremediável prejuízo pode vir não só à situação política interna, para que pretendemos atrair, como indispensável, a boa vontade e a colaboração de todos os nossos irmãos, portugueses que, bem merecem da República, mas tambêm ao conceito que fora das fronteiras pretendemos com justiça impormo-nos perante as nações nossas amigas, perante o mundo civilizado.

Ao Grémio Lusitano todos os que servimos a República temos obrigação de reconhecer os seus serviços inestimáveis à sua causa, que é a causa da liberdade. (Apoiados).

Do Grémio Lusitano saíram os mais intrépidos elementos para a proclamação da República, dele provêm ainda agora esteios valorosos da actual situação.

O Grémio Lusitano tem perante o estrangeiro a legítima consideração que ali se vota à liberdade e porque tanto nos outros países se têm prestigiado as associações congéneres.

Se se tratasse dum assalto às Juventudes Católicas, que é um centro político monárquico, e portanto de carácter partidário, ainda que menor desgraças dele proviessem ao país, as minhas palavras, esteja V. Exa., Sr. Presidente, certo, seriam para verberar com igual indignação êsse facto inqualificável e os seus inqualificados autores. Da escola que impulsiona as conhecidas aspirações do Grémio Lusitano, francamente pratico e entendo que