O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

14 Diário da Cântara dos Deputados

bem as responsabilidades do atentado contra o Grémio Lusitano, atentado que representa um verdadeiro crime.

Nós avançamos, Sr. Presidente, para a reacção a passos agigantados, diz-se, e é neste momento que, como que a confirmar o dito, se vai atentar contra uma instituição liberal e progressiva, à qual a Pátria e a República devem extraordinários serviços. (Apoiados).

O Sr. Pinheiro Torres (aparte): - Não apoiado!

O Orador: - Tem V. Exa. a sua opinião e eu tenho a minha.

Sr. Presidente: diz-se à boca pequena, sem a coragem de se afirmar em voz alta, porque decerto é calúnia, que membros do exército português, do glorioso exército da nossa Pátria, tomaram parte neste assalto, dizendo-se até que alguns oficiais ou alunos da Escola de Guerra, pelo menos, estão implicados nele.

Eu não acredito, porque repugna ao meu espírito, que o exército português desça a acções dessa natureza.

O Sr. Alfredo Pimenta (interrompendo): - Não se admitem sequer, nem por hipótese, presunções dessa ordem!

Não devemos mesmo citá-las!

O Orador: - Eu estou habituado a dizer sempre aquilo que penso e a tomar a responsabilidade dos meus actos, aqui e em toda a parte, e porque tenho tido sempre esta coragem e esta lialdade, donde não podem resultar senão vantagens, é que sou hoje o que sou. sem vergonha do meu passado e com confiança do meu futuro.

Entendo que se deve dizer em voz alta o que se pensa e acho pouco sério, para não dizer outra cousa, dizer vagamente, surdamente, no escuro, o que se não pode ou tem coragem de dizer em público.

V. Exa., Sr. Alfredo Pimenta, não é capaz, por muitos anos que viva, de presar mais o exército do que eu. O que pre-teado é que o Sr. Secretário de Estado das Finanças, tomando as minhas palavras com o valor que elas têm, faça com que se prove à saciedade que era absolutamente falso o que SP dizia. E eu julgo isso muito útil porque devem V. Exa. Sr. Presidente, e a Câmara saber que hoje, como ontem, se está fazendo uma campanha de dissolução das instituições militares, amesquinhando-as, pretendendo colocá-las em situação desagradável perante a opinião pública.

Isto mesmo disse-o aqui o Sr. Secretário de Estado da Guerra que, ao indicar o programa da revolução abortada apresentou esto ponto como um dos assentes para levar a cabo.

Sr. Presidente: diz-se lá fora, numa propaganda surda mas perigosa, do exército, muita calúnia, muita infâmia, e necessário é que essa campanha seja combatida. Eu por mim sempre que que chegue ao conhecimento qualquer dessas fusos de dissolvência social hei-de pedir ao Sr. Secretário do Estado da Guerra para vir aqui dizer - porque lho hei-de preguntar - que o exército português, desde os seus soldados até aos seus oficiais superiores, continna nobre, honesta e honradamente a ser digno da confiança nacional e mal iria à nação, mal iria à República o a todos nós, se o exército, que é o mantenedor da ordem, pudesse ser suspeito desta ou daquela torpe insinuação. (Apoiados).

Tenho dito.

O Sr. Adelino Mendes: - Sr. Presidente: sempre que se cometem crimes como aquele que a Câmara está verberando, o Govêrno, com uma sinceridade que eu não me atrevo, nem por sombras a pôr em dúvida, vem ao Parlamento dizer que êsse atentado será o último, que mais nenhum se repetirá e que êsse último será rigorosamente punido; fazendo-se todas os inquéritos possíveis para se descobrirem os criminosos.

O Sr. Tamagnini Barbosa (Secretário de Estado das Finanças) (interrompendo): - Peço desculpa a V. Exa. para lhe solicitar uma rectificação.

Eu não fiz essa afirmativa nem de reste a podia fazer. Como quere V. Exa. que eu declare ao país, em nome seja de quem for, que o atentado de ante-ontem será e último?

Peço, pois, a V. Exa. que, em homenagem à verdade, assim rectifique as suas palavras.