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16 Diário da Câmara dos Deputados

nha do, véu misterioso que protege êstes bandidos.

Lembra-me que quem levantou o caso de A Montanha no Parlamento foi o Sr. Dr. Joaquim Madureira. Confiou S, Exa. na palavra do actual Sr. Secretário das Finanças, mas o que é facto é que, passados dias, o seu jornal A Voz Pública. que é um daqueles que defendem a situação, foi assaltado, isto é, a desordem chagou a atingir um dos mais enérgicos sustentáculos disso que para aí está, quando um dia o seu director resolveu protestar contra as façanhas duns filhotes que Teles Jordão deixou lá para as bandas do Pôrto. E o próprio comissário da polícia do Pôrto incitou os desordeiros, lendo publicamente os protestos do Sr. Deputado Madureira e de dois outros nossos colegas na Câmara, protestos constantes do telegramas enviados ao Sr. Presidente da República, e de cujo conteúdo o Sr. Alegre só se poderia ter inteirado por um abuso de confiança.

Que providências se tomaram? Nenhumas!

O sr. comissário de polícia foi porventura castigado por ter exorbitado das suas funções, armando em provocador da desordem? Não.

Como é que V. Exas. não vêem que o exemplo constante da tolerância para com desordeiros, que se armaram num dado momento em autoridades, pode levar ao crime?

São crimes sôbre crimes os que se sucedem em Portugal, a ponto que a gente já duvida de que se acabo de desfiar do vez o rosário dêsses crimes.

A longa série dêles é preciso agora acrescentar o assalto ao Grémio Lusitano. Acto expontâneo, saído duma grande indignação da alma popular? Não. Estou convencido do que houve incitamentos, manobras por detrás da cortina. De facto toda a gente sabe que em Portugal não há o ódio contra a Maçonaria.

Quem preparou o assalto? As autoridades, de braço dado com velhos inimigos da Maçonaria? Ao Govêrno compete averiguá-lo. E se bem que nenhumas sejam as minhas esperanças de que haja um honesto intuito de apurar a verdade, toda a verdade, vou citar alguns factos, comprovados por testemunhas, que são pessoas de bem, pedindo ao Sr. Ministro das Finanças que os indique à consideração de quem for encarregado de proceder às devidas averiguações.

O Sr. Silva Passos autorizou-me a dizer que está pronto a declarar, diante de quem quer que seja, que uma alta autoridade policial, há tempos já, lhe havia jurado que havia de mandar assaltar o Grande Oriente Lusitano.

Outro facto, já que com factos se faz a história, vou submeter ao alto critério da Câmara. Veio procurar-me ao Parlamento o Sr. Fidelino Costa para me declarar que, com um redactor do jornal A Situação, pretendeu aproximar-se do local aonde está instalado o Grande Oriente Lusitano. Autoriza-me aquele senhor a declarar que lhos foi impossível satisfazer a natural curiosidade de ver como se faz em Portugal um trabalhinho daquela natureza.

De facto, foram iludidos nas suas esperanças, porque estavam as embocaduras das ruas tomadas pela polícia, com o fim, parece, de deixar a operação correr os seus trâmites naturais.

Terceiro facto: parece que o trabalho de destruição durou mais de três horas. A polícia não teve conhecimento de tal? Ninguém o pode afirmar em consciência, porque isso só provaria que o serviço policial, numa cidade como Lisboa, corre verdadeiramente ao Deus-dará, podendo travar-se uma batalha sem que os ouvidos dos senhores guardas sejam feridos pelo ruído.

Garanto tambêm, e se for chamado á polícia citarei testemunhas, que esteve um piquete de polícia à porta do grupo Pró-Pátria, emquanto lá dentro os destruidores se entregavam à sua tarefa de tudo reduzir a cavacos.

São factos muito concretos e eu desejaria ir depor perante qualquer comissão de inquérito, que honestamente quisesse averiguar se as autoridades servem em Portugal para promover ou proteger assaltos.

Devo fazer a declaração de que não pertenço à maçonaria, o que tira ao meu protesto toda a significação de faccíosismo. Mas estou no Parlamento para defender as liberdades portuguesas ameaçadas, e, no cumprimento da minha missão, irei sempre até onde for preciso.