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30 Diário da Câmara dos Deputados

interêsses do seu partido para só olhar aos interêsses das suas classes; mas êsses homens, acima da sua condição de militares, industriais, comerciantes e magistrados, puseram sempre a sua fé política de monárquicos intransigentes. Foi assim que a República apareceu rodeada do instituições monárquicas e a fôrça pública, que devera ser o sustentáculo do regime republicano, apareceu transformada num baluarte do reaccionarismo monárquico-restauracionista.

E assim que os oficiais das guarnições, sobretudo de Lisboa e Pôrto, aparecem quási todos monárquicos, fazendo-se dentro do exército republicano uma verdadeira caça aos republicanos.

De modo que chegamos a esta conclusão estupenda e paradoxal: é que uma República se mantêm em pé sem republicanos.

Como pode ser isto?

O resultado foi que no dia em que o prestígio pessoal do Sr. Sidónio Tais desapareceu do tablado da República Portuguesa, os monárquicos, que êle considerava seus colaboradores, apareceram todos não como membros do exército, da magistratura, do comércio, da indústria, mas sim como monárquicos confesso, retintos, não querendo proclamar imediatamente a monarquia, naturalmente porque as circunstâncias políticas da Europa o não permitirão com facilidade.

Nós, os republicanos, aqueles que somos republicanos, sem contrafacção, nem mistura, nem contágios impuros, e temos ou não temos o direito, digo mais, o dever, de opor a uma onda, uma outra onda, lutando contra todos os traidores, conscientes ou inconscientes1?

Diga-me V. Exa., Sr. Presidente, se não é dever de honra isto de procurar lutar e resistir intransigentemente até o fim? Os soldados da República não traem nem tremem; e quando o Sr. Presidente do Ministério tiver a coragem de lançar êsses homens contra os indisciplinados do exército, contra os demagogos azues do exército, há-de encontrar êsses republicanos ao seu lado. E só os não encontrou já, porque não quis, e só os não encontrará sempre se não lhes souber falar à alma ou lhes inspirar dúvidas e receios. Porque V. Exa. Sr. Presidente do Ministério - e desculpe-me que lhe diga - V. Exa. aos republicanos, que o são de verdade, hoje não inspira confiança.

Sr. Presidente: num artigo publicado em tempos no Liberal, da autoria do Sr. Satúrio Pires, descrevia-se a parada de fôrças realizada em Lisboa no dia da proclamação do Sr. Dr. Sidónio Pais. Enaltecendo o garbo com que só tinham apresentado todas as unidades, o Sr. Satúrio Pires não se esquecia de salientar de que todos os seus comandantes eram seus bravos correligionários - seus, do Sr. Satúrio Pires.

Variadíssimas vezes protestei, nas reuniões particulares e públicas, contra esta transigência de, se permitir que um oficial do exército se declarasse monárquico.

De facto, um oficial do exército pode ser, portas a dentro do seu cérebro e da sua consciência, tudo o que quiser; mas, oficialmente, no exercício do seu cargo, tem de ser simplesmente republicano.

Sorria-se o Sr. Tamagnini Barbosa desta minha caturrice. Tam pouca importância o cano tinha! Mas agora o perigo aparece nítido, e já hoje vejo por aí muitos sorrisos amarelos.

Que profunda diferença há entre monárquicos e republicanos, felizmente para êstes!

Nós, os republicanos, éramos incapazes de alicerçar um regime sôbre o cadáver do Dr. Sidónio Pais.

Mas os monárquicos importam-se lá bem com isso!

Começaram por fazer bailar diante dos crédulos o espectro da demagogia!

O pretexto estava encontrado, para fazer a monarquia, ou para guardar na República as posições que amanhã lhes facilitaria o estabelecimento em Portugal.

O pretexto estava achado!

Assim apareceram juntas militares, chegando-se no Pôrto ao ponto de se organizarem juntas do sargentos!

E depois dizem que não querem o bolchevismo e todos se indignara quando lhes chamam os bolchevistas no poder.

Mas uma pregunta ocorre a toda a gente:

Que ligações tem ou teve com essas juntas o Sr. Presidente do Ministério?

E difícil, através das simples informações oficiosas, concluirmos se o Sr. Tamagnini Barbosa é ou não como os mem-