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Sessão de 7 de Fevereiro de 1919 33

nima objecção; também fiquei esmagado por tam tremenda acusação.

O incidente das explicações será liquidado na presença do Sr. Presidente do Ministério; mas o quê eu não quero é que os senhores jornalistas suponham que podem impunemente continuar a tocar o bordão predilecto da difamação.

Sou muito humilde, mas não deixo ofender a minha dignidade, seja por quem fôr, seja êle um rei, ou seja simplesmente um vice-rei in partibus.

Sr. Presidente: termino as minhas explicações nesta altura, porque quando estiver presente o Sr. Presidente do Ministério as continuarei.

Tenho dito.

O Sr. Cunha Lial: - Começa por dizer que separa bem a responsabilidade de jornalista da responsabilidade de Deputado, se bem que às vezes as duas entidades estejam metidas dentro da mesma pele.

Eu tenho de fazer provar aqui que o jornalista faltou, lá fora, à verdade sôbre o que ouviu cá dentro, como Deputado para concluir que assim não me merece consideração, nem n.o Parlamento, nem fora dele. Sei muito bem que, se fôssemos a ocupar-nos com o que se escreve nos jornais, andávamos sempre em conflitos; mas é preciso acentuar que não há republicano autêntico, republicano de sempre, contra o qual os monárquicos não façam uma campanha infame e persistente, tanto mais infame e persistente, quanto mais consistentes e de pedra e cal sejam as suas convicções.

Uma voz: - Porventura alguma vez se levantou alguma campanha contra o Sr. Dr. Sidónio Pais, ou contra qualquer dos homens que estão no Govêrno?

O Sr. Presidente: - Peço aos Srs. Deputados que não interrompam o orador; querendo falar peçam a palavra e tê-la hão na sua competente altura.

O Orador: - É a inutilização dos republicanos a que visam certas campanhas nos jornais.

Cm por um, ou arredado ou inutilizado, eis o que querem certos aliados do Poder.

Não espero pelo julgamento para fazer os comentários, sem o que ficará toda a gente na persuasão de que determinadas criaturas mereçam castigo, embora não saibam do que são acusadas.

Compare V. Exa. a minha nobre atitude sôbre o caso de Teles de Vasconcelos com a dêsses senhores da monarquia.

Eu, que fui sempre republicano, disse aqui, que era uma infâmia processar Teles de Vasconcelos antes de saber mesmo quais as acusações feitas contra êle.

E insisti porque, até se fazer prova, o acusado era uma pessoa sagrada para toda a gente.

Isso é que os monárquicos não compreendem, e eu só me honro pela diferença de critérios.

Contra as insídias e insinuações de certas criaturas, para quem o talento só serve para envenenar as outras, contra isso não há defesa possível - sei-o bem. Embora.

Toda a gente viu que eu pedi a palavra para explicações.

Mas não quiseram os Deputados, doublés de jornalistas, esperar vinte e quatro horas, para fazerem juízo, porque estava em jôgo a reputação duma criatura que toda a sua inteligência, toda a sua vida tem empregado na defesa da República, e pensaram que a haviam de inutilizar.

São desta fôrça os meus detractores que comigo querem enrodilhar também, como, se, mesmo que eu tivesse culpas, Machado Santos alguma coisa tivesse com isso.

O nome de Machado Santos é imaculado. E sabe V. Exa., Sr. Presidente, porque é que o atacam? E porque lhes faz sombra, é porque faz sombra aos valentes de hoje, que na madrugada de 5 de Outubro de 1910 fugiram espavoridos, fugiram cobardemente, com o seu rei diante deles.

Sr. Presidente: eu disse já e repito perante V. Exa., aquele que ousar tocar nesta questão antes de derimida entre mim e o Sr. Presidente do Ministério é um cobarde vil.

Tenho dito.

O Sr. Aníbal Soares: - Sr. Presidente: não ouvi bem as últimas palavras do Sr. Cunha Lial, e parece-me...