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Sessão de 17 de Fevereiro de 1919 13

Quere, por outro lado, o povo que a República seja para todos os republicanos, e não se pode conceber que a República seja para todos os republicanos sem que um dos poderes do Estado - o Parlamento - tenha em si, nas devidas proporções, a participação de todas as fôrças da República. Quere, portanto, o Parlamento dissolvido por si próprio!

As galerias manifestam-se com palmas e vivas.

O Sr. Presidente: - Á continuarem as manifestações das galerias, ver-mo Lei forçado a interromper, de novo, a sessão. As galerias não podem, de modo algum, impedir nos seus conceitos nenhum Deputado.

O Orador: - Associo-me inteiramente ao pedido ou, melhor, à ordem do Sr. Presidente, para que as sessões nesta Câmara decorram com tranquilidade, com segurança e com absoluta independência da liberdade de pensar de cada um.

Compreendo, como já disse, êste excesso de entusiasmo republicano, se bem que o meu pedido se junte ao de V. Exa. para que os trabalhos prossigam com serenidade.

Mas, assim como peço isso, peço, também aos meus colegas desta Câmara, que atentem na hora gravíssima que atravessamos e se não julguem superiores a todo o movimento que, do norte ao sul, do oriente ao ocidente, fez vibrar a alma republicana do país no gesto mais belo e sagrado que há muitos anos temos visto.

Se os homens que aqui estão sabem compreender a grandeza, a generosidade do povo, que às violências, aos assassinos, às extorsões, aos latrocínios não quis corresponder com idênticos processos, torna-se necessário que pensem em alguma cousa mais do que em se agarrar a êstes fauteuils.

Evitemos mais revoluções, sejamos nós os melhores intérpretes da vontade nacional. Façamos ao povo êsse sacrifício!

Tenho a certeza de que êsse sacrifício o saberemos fazer, porque muitos de nós não nos associaríamos a essa comédia, que seria uma República em que todas as correntes de opinião se entrechocam e se cruzam e com um Parlamento onde apenas se achasse representada a talvez mais pequena facção política.

É esta a solução. Na hora da vitória encaremos com serenidade o futuro e, para que êsse futuro seja risonho e tranquilo, para que se não repitam os actos sangrentos dêstes últimos dez anos, façamos a vontade ao povo.

Limpemos a República, façamos um Estado rodeado de instituições republicanas. O Parlamento discuta, antes de mais nada, a Constituição, as modificações a introduzir-lhe e dissolva-se. Acabe com, um estado de cousas que nos há-de arrastar muito longe se não lhe dermos pronta solução.

O Parlamento, que desde 20 de Abril pouco mais de vinte a, trinta sessões terá, dado e que contra si próprio tantas machadadas tem vibrado, faça, uma vez ao menos, uma cousa grande: facilite a missão àqueles que têm a obrigação de regular a máquina nacional, introduza na Constituição o principio da dissolução e faça-o sem demora, porque se demorar essa resolução poderá ser demasiadamente tarde.

Sr. Presidente: vou terminar para não fatigar a Câmara. E, ao terminar, pondo de parte as nossas dissenções, quero ainda frisar a fé republicana que anima a todos. Se aludi a problemas que podia deixar para outro momento, é porque entendo que é na ocasião da vitória que podemos prever qual o dia de amanhã e indicar as medidas que poderão evitar um estado de cousas semelhante ao do passado. Acabo como comecei: a todos nos liga o mesmo sentimento, o sentimento do nosso amor pela República. Há uns que erraram e outros que deram constantemente à República exemplos de sacrifício das suas vidas e fazendas. Uns e ostros não devem aparecer como juizes e réus, ruas que compreendam aqueles que talvez pudessem assumir o papel de réus, que compreendam a sua situação e não se arroguem o papel de juizes. Isso é o que não podemos consentir. Cada um no seu lugar.

E necessário que neste momento, sem outras preocupações nos nossos espíritos, façamos sempre vibrar nas cordas da nossa alma a palavra República.

Não há dissenções nesta sala, não há dissenções em todos aqueles que me escutam.

O amor é o mesmo. Fique grande, fi-