O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (José Relvas): - Sr. Presidente: com muita satisfação uso da palavra para comunicar à Câmara as informações oficiais que tenho recebido com respeito à restauração da República no norte do país.

Leio à Câmara os seguintes telegramas:

Pôrto, 14. - Ex.mo Sr. Presidente Ministério - Lisboa. - Membros Govêrno acabam chegar esta cidade Pôrto; entusiástica manifestação chegada estação Pôrto e por todas ruas passagem Pôrto. Exmo. Ministro Justiça discursou janela hotel, sendo delirantemente aclamada República Pôrto. Cumprimento na pessoa V. Exa. Govêrno pelas insofismáveis demonstrações, dedicações e sacrifícios pela causa que levantadamente defendemos Porto. - Ministro Guerra.

Pôrto. 17. - Exmo. Sr. Presidente Ministério - Lisboa. - Nossas mais ardentes saudações V. Exa. ainda sob indescritível impressão manifestações povo Pôrto à República. Nomes S. Exa. Presidente República e de V. Exa. muito aclamados. Tudo bem. - Ministros Justiça e, interino, Estrangeiros.

Pôrto, 16. - Exmo. Sr. Presidente Ministério - Lisboa. - Quatro membros Govêrno assistiram esta tarde das janelas governo civil desfile tropas que entraram esta cidade Pôrto. Entusiásticas manifestações, sendo calorosamente aclamadas. Enorme multidão Pôrto constata com maior satisfação disciplina fôrças exército e marinha Pôrto. S. Exa. Presidente República e demais membros Govêrno muito vitoriados; extraordinariamente republicano povo esta cidade Pôrto. - Ministro Guerra.

Chaves, 16. - Exmo. Presidente Ministério - Lisboa. - Tenho imensa satisfação comunicar V. Exa. que hoje ficou completamente sufocada rebelião monárquica na área distrito Vila Rial, devendo em breve suceder mesmo toda área 6.ª divisão país; apenas há fôrças monárquicas Bragança, que dentro em pouco se renderão. Coluna rebelde que ontem ocupara Pedras Salgadas, ameaçando Chaves, debandou durante noite, abandonando duas peças e muito armamento e munições. Alguns oficiais e bastantes praças passaram-se para nosso campo, declarando querer defender República. Atitude firme e sempre fiel das tropas desta divisão concentradas Chaves mantêm sempre respeito as colunas inimigas, e daí resultou que neste concelho e nos de Besteiros, Montalegre e Valpassos esteve sempre hasteada bandeira republicana, não obstante chegarmos estar completamente isolados e nunca termos recebido reforços muitas vezes pedidos. Na pessoa V. Exa., em nome da 6.ª divisão, saúdo entusiasticamente Pátria livro e República triunfante, congratulando-me com Govêrno pela definitiva consolidação regime republicano em Portugal. - Comandante 6.ª divisão, Pedroso Lima, general.

E com a máxima satisfação que eu leio êstes comunicados à Câmara.

Congratulo-me mesmo com êste resultado, apesar de todas as mortes, prejuízos materiais o desequilíbrio económico que se produziu no país, pois folgo com essa aventura monárquica, e chamo-lhe aventura, pois não teve nenhuma aspiração moral a justificá-la.

Congratulo-mo, pois, com êste facto porque êle vem mostrar, mais uma vez, quanto a República está integrada no espírito português e ficar, duma vez para sempre, bem patente e demonstrado que não pode haver mais tentativas monárquicas, que o espírito nacional, é todo bem republicano.

O que se passou no norte não foi mais do que uma insubordinação militar, e congratulo-me que não passasse disso, pois a República é o único regime que em Portugal pode continuar com as suas tradições históricas.

A República de 5 de Outubro foi uma, aspiração patriótica e ela está de tal forma consolidada que nada a poderá destruir; ela vive no sentimento do povo de toda a nação, tanto no continente como nas colónias e nas ilhas.

Saúdo e agradeço a todos os militares e civis que colaboraram na vitória da República, faço os mais ardentes votos para a sua união para termos uma República digna e respeitada.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério terminou o seu discurso com um viva à Repú-