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Suelto de 5 de Fevereiro de 1920

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tratando-se de fazer economias à custa do pessoal, ou imediatamente ou a prazo, exactamente onde essas economias seriam mais profícuas, é ondo o Governo não vai tocar, e se lhe toca, é como se fora pele de ouriço!

E preciso não esquecer que estamos dentro duma República democrática, que criamos pelo menos o sentimento duma igualdade, que não temos sabido afirmar por factos, mas que já é inapagável dentro dos nossos princípios. O propósito honrado e inteligente da República veio fazer com que o exército deixasse de ser uma casta, uma guarda pretoriana, uma instituição realista, para ser, como lhe cumpria, uma instituição nacional. De cada vez mais soldado, de cada vez mais cidadão.

Mas a casta militar com os seus velhos preconceitos, prerrogativas, direitos e obrigações, não se reimplanta mais em Portugal, porque é hoje, a casta do prestígio e segurança da República.

Se o Governo conseguiu que o Parlamento lhe vote a sua proposta em termos tais que, perante o sacrifício, não haja a mais leve distinção entre civis e militares, terá prestado um alto serviço à República. Porque, se é verdade que ainda hoje há militares que não estão suficientemente bem pagos, eu posso afirmar que há uma verdadeira legião do civis para os quais os respectivos vencimentos não passam duma miséria. E mal pareceria que fizéssemos qualquer espécie de favor ou de excepção em favor da classe militar, porque- a todos ficava então o direito de dizer que isso não representaria um acto do justiça, mas sim uma confissão de medo.. .

O Sr. Presidente: — Faltam apenas 10 minutos para se encerrar a sessão e como há ainda dois oradores inscritos, eu pre-gunto a V. Ex.a se deseja ficar com a palavra reservada.

O Orador: — Como há ainda dois oradores inscritos e três não faz diferença, fico com a palavra reservada.

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Júlio Martins : — Pedi a palavra para fazer a, seguinte declaração: tendo o Grupo Parlamentar Popular entrado

com representação em todas as comissões de inquérito aos Ministérios dos Abastecimentos, dos Negócios Estrangeiros e das Colónias, surgiu um conflito entre um dos membros dessas comissões e os empregados do Ministério sindicado. O Sr. Pais Rovisco veio ontem a esta Câmara expor com toda a nitidez a questão e apesar disso nenhumas satisfações foram dadas ao Grupo Parlamentar Popular. (Apoiados).

Nessas condições, o Sr. Cunha Liai, interpretando o sentir deste lado da Câmara apresentou a sua demissão e hoje, em nome dos. meus amigos que fazem ainda" parte dessas comissões, os Srs. Vergílio da Costa e Manuel José da Silva, declaro que nos afastamos inteiramente dos seus trabalhos, esperando, no emtanto, que eles sejam efectuados com cuidado e interesse, esperando o seu resultado para,iniciarmos a nossa campanha de moralidade.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): — Quási me dispensava de falar depois das declarações claras e cheias de nobreza feitas pelo ilustre leader do Grupo Parlamentar Popular, meu querido amigo Sr. Júlio Martins, pelo que diz respeito h representação do grupo a que pertenço nas duas comissões parlamentares de inquérito aos Ministérios da Guerra e dos Negócios Estrangeiros.