O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 13 de Fevereiro de 1920

discutir esta proposta; — outra e bem diferente seria a nossa situação.

Sr. Presidente: examinando as nossas : estatísticas, tendo em consideração o vivermos num país que se diz essencialmente agrícola e de tradições agrícolas, verificamos com profunda mágua que a maioria da Nação se alimenta de trigo estrangeiro, apesar de ter ôste país vastas colónias e de nelas dominarmos há perto de cinco séculos!

Nesta hora grave, nesta situação difícil em que nos encontramos, ainda alguns pretendem tornar dependente a nossa libertação da tutela estrangeira da importação de cereais da construção dos j á históricos e problemáticos canais de irrigação do Alentejo, esquecendo esses, que tão inconscientemente repetem ôsse lugar comum, da fertilidade e riquezas culturais dos nossos importantíssimos planaltos de Angola, o de Benguela e o de Mossâ-medes., onde está demonstrado ser possível a colheita de duas sementeiras anuais de trigo!

É preciso sair desta grave e desgraçada situação criada pela nossa inconsciência e a nossa ineompetôneia. Senhores de colónias riquíssimas há muitos séculos, ainda não elaborámos um plano de administração colonial. A gravidade da nossa situação é constatada pelo orçamento que o Sr. Ministro das Finanças há dias apresentou a esta Câmara em que o orçamento das despesas em plena paz apresenta um déficit superior ao do tempo da guerra. Contudo afigura-se nos possível, sairmos desta grave colisão em que nos encontramos mas para isso temos de enfrenta:* os grandes problemas nacionais com olhos de ver.

Sr. Presidente: confrontando os números da nossa estatística do comércio e navegação, vemos à primeira vista que dois números os principais produzem o desequilíbrio da nossa balança comercial e os seus graves efeitos.

Um o que representa a importação cerealífera, o outro, o que representa a importação dos combustíveis.

Porque é que à face dos estudos técnicos já feitos, não se resolvem estes problemas fundamentais que uma vez solucionados colocariam o País em situação bem diversa da que se encontra actualmente?

18

Poderíamos ter a situação a que temos jus, porque somos uma potência colonial das mais antigas, com largos tratos de terreno nesse alôin mar. Desde que aqueles números fossem neutralizados como o podem ser, teríamos alcançado uma grande vantagem para a nossa situação.

Produza-se o cereal necessário, nào no Alentejo, onde à carência dos tais canais de irrigação, nunca produzimos o cereal necessário à alimentação do nosso povo, mas nos planaltos de Angola ou mesmo no sul de MoçarnBique; aproveitemos os braços desses vadios que infestam as cadeias e de tantos outros que vivem da ociosidade e do vício e que poluLam nos grandes centros, e teremos da mesma forma resolvido um grande problema de saneamento social e do trabalho o. da mão de obra.

Quanto ao problema dos combustíveis, devemos não esquecer de que temos importantes jazigos carboníferos a aproveitar e que muito podem produzir. A nossa vida industrial, segundo as estatísticas, absorvia antes da guerra perto de 1.400:000 toneladas de carvão de pedra, hulha. Foi o máximo atingido em 1913, o que deve ser considerado um mínimo das nossas necessidades industriais.

Este consumo mínimo é nada em relação às energias que possuímos.

A verdade é que nunca se encarou ôste problema a valer. Temos despresado a riqueza dos nossos jazigos carboníferos, como temos despresado o grande potencial da nossa riqueza hídrica.

Não há dúvida de que, dado o fraco poder calorífico do nosso combustível da região carbonífera do centro do país, de linhites, e as imensas dificuldades dos nossos transportes, tudo aconselhava que há muito se tivesse estabelecido no centro de energia térmica, quo transformada em energia eléctrica fôsse conduzida depois ao principal centro de distribuição o consumo — Lisboa.

No norte encontramos a zona mais rica em quedas do água: não sondo, todavia, o nosso país privilegiado em quedas de água, podia no entanto aproveitar pelas suas quedas de água uma potencial digna do apreciação.