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Diário da Câmara dos Deputadas

Já tive ocasião de afirmar à Câmara que nesta altura o delegado que representava Portugal, que devia representar a defesa dos bons princípios e interesses portugueses, estava a desservir a Pátria e a República.

Tenho o meu dossier e em face desse dossier hei-de mostrar à Câmara que o Governo o menos que tem a fazer é demitir esse funcionário, porque está desservindo a Pátria e a República, fazendo o jogo do estrangeiro.

Sr. Presidente: a acrescentar a todo este mal, temos esta cousa monstruosa: a febre do luxo, a febre do desperdício contra que a imprensa, no presente momento, está a fazer uma tenaz campanha. Ora, desde o momento em que o país não tem ouro próprio, que tem de pagar em ouro todo esse luxo importado, o ágio do ouro fatalmente terá de subir constante-mente.

No ano de 1919, perto de 9 toneladas de ouro foram trabalhadas em jóias, ein objectos para adornar qucin não trabalha nem produz,

E evidente qnn chegou a hora de falarmos a verdade, de nos convencermos que não é actuando assim que podemos salvar a nação.

'O país encontra-se à beira do abismo; é necessário vida nova. Este pregão foi feito ainda no tempo da monarquia; a vida nova foi prometida à nação aqui, nesta casa do Parlamento^ e, contudo, em nove anos de República o nosso problema económico mantGm-se na mesma situação ou ainda mais agravada.

Sr. Presidente: como presidente da comissão do comércio e indústria, devo dizer à Câmara que apesar dos nossos bons desejos de sermos agradáveis à proposta ministerial, dando um parecer rápido, o que é certo é que essa proposta nem sequer veio ao soio da nossa comissão. •

Acredito que na classe dos ferroviários, onde tenho muitos amigos, onde se acoitam muitos republicanos, a situação de muitos deles seja má, mas não é só essa classe que tem pessoas em má situação; em todas as outras classes' as há.

Ainda ontem, quando se diseutia.o projecto de reorganização dos serviços da Casa da Moeda, eu tive ocasião de dizer que de 1911 até hoje ainda osso pessoal não linha sido melhorado nos seus venci-

mentos, que isto constituía uma tremenda injustiça, porquanto, acrescentei, assumindo eu a ger6ncia daquela casa, tenho verificado a dedicação, as belas qualidades de todos os obreiros daquele estabelecimento.

A mudança de critério e progressos administrativos que adoptei na Casa da Moeda já teve a sua inflnôncia benéfica, por exemplo, na secção das obras públicas, que ali presta serviço, porquanto estando a constuir um simples caboco, onde, segundo me informam, já se enterraram para cima de 90 contos, o seu pessoal, que pouco ou quási nada produzia, já hoje trabalha, com dedicação, representando o seu esforço muito trabalho produzido.

Não se trabalhava, não se produzia e bastou apenas o exemplo para modificar fundamentalmente a inércia e desperdício criminoso em que antes se vivia.

É por todas estas razões e exemplos que me convenço que o mal não está nos dirigidos, mas sim nos dirigentes, "pois que nos oito niescs da rainha administração, com o mesmo pessoal e as mesmas máquinas, consegui triplicar a produção da moeda e ampliar a produção do selo.

Eu devo dizer a V. Ex.- que é frequente procurar-se às 12, às 13 e às 14 horas nas suas repartições os directores gerais e chefes de repartição, e não os encontrarem e tam pouco quem os substitua, protelando-se a solução dos assuntos, anar-quizando os serviços.

Assim, desta maneira, eu pregunto: ó como ó que a República pode progredir, pode avançar?

, E preciso quo.nos convençamos que só por uma grande obra consciente e patriótica, acomodada em novos processos e novos moldes nós poderemos conquistar o forte apoio da opinião unânime de todos aqueles que querem viver numa Pátria livre, e progressiva.

E necessário que nos convençamos que a França, mãe espiritual da alma latina, num dos momentos mais perigosos da sua história, foi salva pelo pulso dum velho quo imprimiu ao sou Governo uma decisão tam formidável que salvou aquele país. 'Não é encravando mais o Orçamento, que nós podemos sair da situação em que nos, encontramos.