O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de lá de Fevereiro de 1920

dizendo mesmo que me não importava se fossem a.té o meu renunciamento à política. Por isso, sem me importar com o facto, eu repito em voz bem alta, para que as galerias, replectas de trabalhadores, me ouçam bem: não é reduzindo o trabalho que Portugal poderá salvar-se. É preciso efectivamente que todos se convençam de que é necessário trabalhar, trabalhar muito, trabalhar cada vez mais (Apoiados) para que todos, sem distinções de partidos, seitas, classes ou categorias, possamos cooperar na emancipação e ressurgimento da Pátria, j Serão os operários que hão-de salvar a Nação traba-hando, produzindo! E não se diga que eu só tenho palavras, pois quem se quiser dar ao trabalho de seguir a minha vida certificar-se há que, desde que me levanto até que me deito, trabalho o mais que posso. Os meus actos estão de harmonia com as palavras que estou proferindo.

E, assim, dúvida alguma os operários poderão ter que eu, sendo deles, a seu lado me encontro cooperando no interesse comum que lhes diz respeito como a mim próprio.

É desnecessário dizer aos ferroviários que não se iludam porque o aumento de salários que vão ter é feito à custa da elevação de tarifas que o Estado vai autorizar. Daí provirá o aumento no preço dos ire-tes, consequente sobrecarga na carestia da vida, e, dentro em pouco, os vencimentos dos operários serão de novo insuficientes e cá virá outra vez o Ministro do Comercio propor ao Parlamento mais outro aumento. E assim indefinidamente, não se saindo mais deste círculo vicioso em que há tempos nos vimos apertados.

j E tudo é a mesma cousa l j Palavras vagas e ideas confusas! A propósito permita-me a Câmara que'me refira ainda que rapidamente ao programa ministerial na parte que se liga com o assunto em debate.

E para.confirmar as palavras que acabei de dizer e a crítica ao programa, de difícil coordenação, citarei uma parte das teorias explanadas pelo Sr. Ministro do Trabalho a quem a lei das 8 horas despertou tam grande calor na exigência ;de que fosse integralmente cumprida.

Tenho aqui três documentos distintos em que aquele Sr. Ministro se pronuncia:

11

o programa ministerial, o jornal o Combate com uma en-tête, e a Capital em entrevista. Neles mostra o Sr. Ministro não ter uma noção exacta sobre o que quere socializar

Num deles fala em nacionalização de certas indústrias, noutro das minas e noutro das minas só de carvão.

O Sr. Dias da Silva: — Devo informar V. Ex.a de que o Sr. Kamada Curto não é o responsável pelo que se escreve no Combate.

O Orador: — Francamente fazer a comparação ou tentar pôr a questão em Portugal, por emquanto, num pé análogo à. forma como se encontra em Inglaterra é fazer uma idea muito vaga desse assunto e principalmente desconhecer por completo a situação e engrenagem dos affaires relativos ao carvão cá e lá.

Mas isto foi um pequeno aparte pois o que eu quero em especial frisar é a parte do programa ministerial relativa à pasta do Comércio, e que nunca mais me deixa de acompanhar.

O Sr. Cunha Liai (Em aparte):—jTriste companhia! . . .

O Orador: — Dir-me hão que, quando ele foi apresentado, observação alguma lhe opus! É yerdade. Não quis protelar ainda mais a longa apresentação do Gro-vêrno, votando a sua aceitação com a maioria, porque entendia dever dar ao Governo que vinha de constituir-se o meu apoio, esperando confiante e sem pressa as suas salutares medidas.

Vejamos o que consta pela pasta do Comercio na declaração ministerial:

«Promover o desenvolvimento das actividades económicas que dessa pasta dependem favorecendo e ajudando todas as iniciativas tendentes ao aumento da produção nacional. Em especial merecer-lhe hão um melhor cuidado o essencial e momentoso problema dos transportes, assim como a questão hidráulica, etc. ...» mais algumas palavras sobre hidráulica.