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Sessão dg S? de Fevereiro d&1920

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assim reconhecer um ponto de vista que eu vou apresentar.

Se, por exemplo, os ferroviários do Estado reclamavam, com justiça, que lhe fossem aumentados os vencimentos, S. Ex.a, o Sr. Ministro do Comércio, levava as suas reclamações, depois de estudadas debaixo do ponto de vista técnico, depois de chegar ao convencimento de que eram justas, levava-as ao Sr. Ministro das Finanças. Se o Sr.. Ministro da Justiça tinha reclamações da magistratura, verificava a justiça que lhes assistia, e levava-as ao colega das Finanças. O Sr. Ministro do Trabalho também via a série de reclamações a que tinha de dar solução, e em seguida levava-as ao Sr. Ministro das Finanças. E era o Sr. Ministro dás Finanças que, estudando todas essas reclamações, atendia aquelas que tinham mais necessidade de solução.

E, pois, para o Sr. Ministro das Finanças que vai a responsabilidade de toda esta situação de desigualdade que se criou com a proposta do Sr. Ministro do Comércio, e à qual; contudo, o Grovôrno deu já todo o seu apoio.

Efectivamente, eu gostava de saber se, mesmo dentro do Ministério do Comércio, não há outras reclamações do pessoal desse Ministério, e com tanta ou mais justiça do que aquelas que S. Ex.a trouxe a esta Câmara para serem atendidas. £ Quanto ganha, por exemplo, um cantoneiro? i<íE quantitativo='quantitativo' que='que' de='de' suponho='suponho' do='do' ganham='ganham' dó='dó' ganha='ganha' era='era' menos='menos' sei='sei' ministério='ministério' ferroviá-rios='ferroviá-rios' um='um' também='também' não='não' mas.='mas.' entre='entre' mas='mas' necessidade='necessidade' os='os' _35.='_35.' ferroviários='ferroviários' comércio='comércio' p='p' auem='auem' quantos='quantos' funcionários='funcionários' saber-se.='saber-se.'>

Ora eu pregunto: £ se é pouco o que ganha esse humilde funcionário, como se poderá denominar o vencimento dum delegado do Ministério Público, que há mais de dez anos vem reclamando?

O Sr. Ministro do Comércio, ó certo, não podia olhar para a situação de todos os funcionários, mas a questão foi tratada em Conselho de Ministros. Assim, os colegas do Sr. Ministro do Comércio praticaram um erro, dando o seu apoio a uma proposta que atende só uma classe, deixando ao abandono as reclamações de todo o resto do funcionalismo público.

Sr. Presidente: eu acredito que os ferroviários vivem mal.

O mal é geral, Sr. Presidente; todos, proletários, classe média, toda a gente, excepção feita pura os novos ricos, tom sido vítima das ditículdudes criadas pi-la guerra, que, sondo anormais durante ela, prometem, .pela sua estabilidade, tornar--se normais.

Que os ferroviários reclamem, muitíssimo bem, reconheço-lhe plenamente esse direito, como lhes reconheço também o direito de não quererem trabalhar.

No congresso do Partido Evolucionista eu, há nove anos, fui apologista da doutrina de se exarar na Constituição do meu País o direito da greve; era o reconhecimento dum direito.

Que os ferroviários entendam que só pela grevo podem conseguir a reivindicação das suas reclamações, estão no seu direito; mas, pregunto eu: quando os interesses dum país perigam, quand°o o futuro duma raça está a ser jogado, e em que os estrangeiros fazem apoio aos seus filhos para o defenderem onde quer que seja, pregunto eu, neste momento, em que a economia nacional periga—e a economia periga desde o momento em que os ferroviários vão para a greve, porque vem lesar'o País num quantitativo que não sabemos — se não é legítimo fazer um apelo aos ferroviários, mas feito por uni Gi-ovêrno que tenha a consciência de que quere fazer alguma cousa, e dizer—hes: ' Os senhores estão, neste momento, a ser um joguete inconsciente nas mãos de meneurs que não respeitam as suas reivindicações, e que apenas querem estabelecer uma perturbação, cujas consequências não podemos, como disse, avaliar.

Se um país pode, num dado momento, mobilizar todos os seus filhos para, nos campos de batalha, morrerem por ele, ó legítimo também fazer um. apelo a todas as forças, /para que se mantenham a dentro da ordem e conjuguem os seus esfor-os com os dos bem intencionados, venham eles donde vierem, no sentido de se onseguir a solução dum problema que onstitui a situação desgraçada em que nos encontramos.