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Settão de 2 de Março de 1920

parte dos géneros alimentícios, em lugar de baixarem de preço, como se calculava, têm subido grandemente. Assim a batata que se vendia a $27, está actualmente a vender-se a $30. Ora não se pode admitir este facto. Ainda isto se justificava, com-tudo, se fosse a carestia da compra desse produto que lhe desse lugar; mas não, porque as colheitas já estão feitas há muito tempo; e por isso só a ganância dos comerciantes dá razão a esse aumento.

Eu sei que os Governos tCm dificuldades cm. fazer tabelas de preço, porque os grandes comerciantes são no geral os seus grandes eleitores; e portanto os Governos não podendo ir contra eles esjão fazendo o seu jogo.

Mas é preciso que desde que os Governos constantemente apregoam a necessidade de trabalhar e de que as classes trabalhadoras façam um grande esforço, os Governos dêem às classes trabalhadoras as condições do vida e de alimentação necessários para esse esforço.

Actualmente, todavia, não se faz isso; actualmente, deixa-se que todos os géneros subam constantamente, e que dia a dia se esteja positivamente a brincar com a alimentação pública. (Apoiados).

V. Ex.a sabe, também, que chega agora a época das doenças e que estão grassando em Lisboa duas epidemias bastante graves. Eu que sou médico posso afirmar isso, tanto mais quo tenho aqui presente, por acaso, unia lista depoentes que me demonstra o que afirmo, sondo uma das epidemias de carácter gripal, com complicações nos brônquios e pulmões, isto é, com aspecto pneumónico. E tenho notado que a maior percentagem dos doentes vem exactamente dos mal alimentados.

Ora eu vejo pelo lado do Governo uma indiferença muito grande em tomar medidas rigorosas contra os especuladores, contra os gananciosos. E tenho a certeza de que se o Governo viesse à Câmara dizer que precisava que os géneros tivessem um preço fixo, teria resolvido assim o problema, com o aplauso de nós todos. Se o Governo viesse dizor quo perante a necessidade do dar aos funcionários públicos 30:000 contos, ia antes aplicar ôsse dinheiro no barateamento da vida, teria o apoio de nós todos, pois que esse é que era ó caminho a seguir, (Apoiados] ovi-tarido-se dessa forma os pedidos constan-

tes de aumento de saláriosre melhorando--se as condições de vida, tauto para as classes operárias, como para as classes médias.

Isto foi até já proposto há dois anos pela União Operária Nacional.

O que o operariado deseja ó que baixem os preços dos géneros.

Desde que a vida esteja mais barata, •as classes operárias não pedem aumentos de salário.

Faça o Governo um empréstimo grande unicamente destinado às subsistências e meios de 'transporte e logo que tenha resolvido este grave problema ninguém lho virá reclamar aumento de salários.

O pedido de aumento de salários não é mais do que a consequência da incúria e desleixo dos Governos e se este assunto merecesse alguma atenção aos nossos governantes, os operários não pediriam mais dinheiro, por isso que só o fazom por virtude do lhes não chegar o que ganham.

Além disso, como há pouco afirmei, um dos factores principais que contribuem para o obituário excessivo quo dia a dia mais se regista aqui em Lisboa, é a fome e as péssimas condições higiénicas em que vivem as classes trabalhadoras.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente : pedi a palavra para chamar a atenção da Câmara para vários assuntos.

Em primeiro lugar desejo referir-mo a uma proposta de modificação ao artigo 13,° da Constituição, que se encontra há inuito tempo pendente desta casa do Parlamento.

Afigura-se-me quo a discussão dessa proposta é importantíssima porquanto ela modifica o funcionamento do Parlamento. Já na imprensa e até alguns membros desta Câmara têm posto a questão duma maneira absolutamente insustentável que eu, som censura para ninguém, não posso de forma alguma admitir.

Não posso de forma alguma admitir quo um ilustre Deputado, frequentando esta casa, seja uma das primeiras pessoas que dizem lá fora que .ela devo sor fechada.