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Diário da Câmara dos Deputados

mistício, a perto de um ano da assinatura da Paz em Versailles. , Por inais duma vez se disse aqui, nesta casa do 'Parlamento, que o Livro Branco estava a imprimir, qno o Livro Branco estava impresso, e até a uma pregunta minha foi respondido pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, que ao tempo era o Sr. Melo Barreto, que o Livro Branco seria enviado à comissão parlamentar para o estudar conjuntamente com o Tratado. Punha nisso o maior empenho, e só não o faria se lhe fosse impossível fazê-lo.

Não poude S. Ex.a realizar a sua promessa, melhor direi, o seu desejo, e assim a comissão teve de estudar o Tratado sem conhecer o Livro Branco, como nós temos de o discutir sem do Livro Branco termos conhecimento.

O Governo dirá porque uma tal publicação ainda sé não fez, e o Parlamento resignar-se há a disci;t;r o Tratado da Paz sem primeiro ter apurado os motivos por que entrou na guerra.-

Todos nus conhecemos já uma boa parte das peças que hão de compor o Livro Branco mercê da inconfidência não sei de quem, mas fácil é presumi-lo, que as entregou à publicidade dos jornais. Simples^ mento esses documentos, a que falta o indispensável cunho de autenticidade, porque foram atirados para o público sem a directa responsabilidade dos Governos, não podem servir de base a uma'discussão no Parlamento, servindo apenas, como tem servido, para as retaliações da imprensa diária.

Tem-se dito que o Livro Branco foi enviado, em provas, à Chancelaria de Londres, e que na volta, surpreendido pela greve dos correios, se deixou ficar ala-pardado na mala em que viajava. Se isto é verdade, e o Governo se explicará a este respeito, o facto mostra que só há muito poucc-tempo, excessivamente tarde, se tratou, a valer, da publicação do 'Livro Branco, tam tarde que a greve dos correios, solucionada há poucos dias não tendo durado um mês, pôde estorvar essa publicação. Prova ainda este facto, admitindo que as cousas se passaram assim, que a nossa Legação em Londres não teve o elementar cuidado de remeter para Lisboa as provas do Livro Branco em termos que ele não pudesse sofrer com as vulgares contingências dos correios. Para

cousas de menor importância se faz uso dum próprio, indivíduo de -toda a con-' fiança, embora isso acarrete alguma despesa, a qual, no caso de quo se trata, seria ainda lançada à. conta da guerra, como uma das suas consequências.

Devo explicar, para que às minhas palavra não seja atribuída uma intenção que não têm, que do forma alguma acho cen-surái-el que as provas do Livro Branco fossem enviadas a Londres. Os documentos de que se trata não interessam apenas ao Governo Português, alguns deles interessando mais ao Governo Ingícs do qne ao nosso, sendo por isso necessário que ele pronunciasse sobre a conveniência ou inconveniência da sua publicação.

Sèi-o e apraz-me dizê-lo aqui, que" o Sr. Melo Barreto, promovendo a publicação do Livro Branco, se houve com extremos de correcção, sem deixar quo as conveniências diplomáticas resvalassem até o ponto em quo principiam as sabser-viências.

Se o Livro Branco era indispensável para se discutir a nossa intervenção na guerra, um circunstanciado relatório da nossa Delegação à Conferência da P/i/ seria igualmente indispensável para vermos como nessa Conferência tinham sido advogados os nossos interesses e para saber quo poderosas, que invencíveis resistências impediram que tivessem satisfação as nossas justas reclamações.

É possível que, embora tarde, esse relatório, já fosse enviado para Portugal, não tendo chegado a horas de ser distri-do com o parecer que foi dado para ordem do dia nesta sessão do Congresso.

Se ê}e se encontra na Mesa, eu requeiro a sua leitura, interronpendo as minhas considerações.

O Sr. Presidente: — Não, tenho aonhe-cimento de tal relatório, mas vou-mo informar a esse respeito junto do Sr. Ministro "dos Negócios Estrangeiros.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (-Xavier da Silva): — O relatório está sendo elaborado pelo Sr.- Afonso Costa, presidente da Delegação.