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Sessão de 15 de Abril de 1920.

nosco? Tens caldo à porta do convento? Tens bordoada?

Esta fórmula criou urna tradição piegas das mulheres que comiam as sopas, e delas têm saudades, e dos apaniguados que viviam desafogadamente sob a mesma fórmula.

Todavia, o facto é que o sidonismo existe, e trabalha para contrariar o actual estado da sociedade portuguesa.

Referir-me hei ainda a outro factor dal-guma importância. O Sr. coronel Sá Cardoso disse em tempos no Parlamento — e agora vemos que alguma razão tinha para o dizer — que com dificuldade" investiria contra o joguisino, e os factos estão demonstrando— e isto não quer significar que eu não apoie plenamente a repressão — que o acabar-se violentamente com-o joguismo criou mais um elemento perturbador. A verdade é que ouço dizer por. aqui e pôr ali que os joguistas já têm 1:000 contos às ordens para lançar a perturbação na sociedade portuguesa. ' Não sei se é verdade ou não1; diz-se, consta.

Temos, pois, estes factores, além doutros a que me não quero referir, por serem de somenos importância, que-têm influído poderosamente na inquietante perturbação .social em que vivemos.

Infelizmente não se têm preocupado as sociedades modernas, nestes últimos tempos, com os seus processos de agir. Repercute-se ainda no seu espírito a influência da velha escola jesuítica, em que todos o j proces o 3 eram bons desde que visassem a atingir um determinado objectivo. Eu não sei qual seja a qualidade política das criaturas que têm ultimamente feito uso das bombas, mas é muito -possível que fossem sidonistas, monárquicos ou joguistas.

Vamos agora, porém, fazer um estudo, embora rápido, do emprego da bomba como arma de ataque e de defesa. A bomba ó já hoje considerada uma arma de guerra de reconhecida vantagem. Eu não conheço nada do militança, mas sei, no emtanto/que a bomba de mão foi empregada metodicamente na última guerra o é adotada hoje em todos os exércitos. A bomba ó, pois, considerada actualmente como arma de combate.

Neste caso resta somente analisar a fornia como ó empregada. Podo íor bom

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e mau emprego, como, de resto, qualquer outra arma. Evidentemente, se eu pegar numa espingarda e começar a disparar a torto e a direito sobre quem passa faço um mau uso desta arma; mas se pegar nela para ine defender de quem injustamente me ataca faço um bom uso. O mesmo se dá com a bomba. Se eu arremessar uma bomba sobre uma multidão inofensiva que passa descuidada, pelas ruas fiz um mau emprôgo desta arma; mas se, para me defender das arremetidas desvairadas e violentas de quem me pretenda esmagar, eu" o fizer, Gsse emprego não tem nada de odioso e revoltante, podendo ser considerado até como um acto de heroicidade.

O modo de empregar a bomba é tudo. £ Porque- é então que ela se emprega mal?

As ideas mais generosas, coadas pela ignorância de cérebros incultos, podem perverter-se, desnaturar-se, assumir o aspecto de repugnantes e odiosas.

A este propósito recordarei um caso curioso, verdadeira anecdota histórica muito elucidativa da deturpação fácil das ideas.

Quando do falecimento de minha mãe supunha-se que eu ficava com uni prédio na Rua da Arrábida. Nesse prédio morava uma preta, que frequentava as associações operárias e me ouvia fazer conferências sobre o regime proprietário actual e futura colectivização da propriedade, etc. Falece minha mãe, e como se calculava que esse prédic me caberia em partilha logo veio a preta para o moio da rua a dar vivas ao companheiro Ladislau Batalha, porque supunha que já não tinha de pagar renda, como se o Estado me tivesse dispensado também do todos os impostorf, e os operários não quisessem mais vencimentos pelo sen trabalho, quási permanente, de arranjos da propriedade.