O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 26 de Abril de. 1920

porém, isso. Temos ali um Ministro tam cioso das suas prerrogativas que até mete na algibeira as prerrogativas do Parlamento.

Pois êlê que decreta, por sua única vontade,- o tipo único de pão, sem a questão estar ato debatida no Parlamento; que legisla a propósito de tudo; pois ele que tudo sabe, não há-de também ter ,a responsabilidade de trazer aqui ao Parlamento, em nome da sua -sciência, que é tremenda; a proposta de lei que faça reentrar nos cofres do Estado o dinheiro arrancado às algibeiras do público.

Não nos venham, porém, falar em liquidar esta questão com a entrada na comissão dum delegado do Grupo Popular.

Não é com facilidade que nos desviam do nosso objectivo (Apoiados), primeiro, porque não há lei que obrigue a moagem a fazer reentrar nos cofres do Estado g dinheiro que lhe não pertence, e segundo, porque não é a nós que compete fazer essa lei, mas sim ao Governo.

Tratou há pouco, quando usou da palavra sobre 8ste assunto, o Sr. Aboim Inglês duma questão importante, a que Igualmente fizera referência há dias -o meu ilustre colega Sr. Júlio Martins. Kefiro-me à falta de adubos.

Estamos em presença deste facto verdadeiramente crítico: à encaminharem-se as cousas coíno ato aqui, não há forma de obtermos, antes das próximas sementeiras, os fosfatos de quo necessitamos. Nós obtivemos, é certo, autorização do Governo francês para a aquisição de 45:000 toneladas de fosfatos, mas o facto é quê nós precisamos de 90:000 tonela,-das. Os fornos da União Fabril precisam de quinze â vinte dias para se acenderem e a produção, nacional- não vai além de 10:000.

Sendo assim, eu pregunto se há tempo de obtermos os superfosfatos de que carecemos até à próxima sementeira.

Eu sei que o Governo pretende estabelecer um preço e que as emprOsas desejam estabelecer outro, e conheço ato o caso curioso que se deu este ano com a aquisição de íbsfaíos polo Estado. ,; Se o transporte de 5:000 toneladas de fosfato do Tunis para aqui ainda não foi capaz do ye realizar, como podorá ofoctuar-se a tompo o transporte de 45:000 íonoludtiu?

23

Eu achava muito bem empregada a energia do Sr. Ministro da Agricultura se S. Ex.aj uma vez que não chegasse a acordo com a União Fabril na questão de preços, lhe mobilizasse as suas fábricas. Mas assim não; assim perdemos um tempo precioso.

'Eu sei que o Sr. Ministro da Agricultura nos vai tranquilizar, porque sei já que não há Ministros mais tranquilizadores que os Ministros portugueses. Para S. Ex.as tudo se faz sempre pelo melhor.

Mas vorifica-se depois que não há azeite, que não há géneros alimentícios, que não há superfosfatos, e como os sorrisos tom a duração de um minuto, quando se verifica a dolorosa realidade de tudo faltar, nessa altura não nos damos por indemnizados pelos anteriores sorrisos dos Ministros.

Espero que o Sr. Ministro nos diga se vai ou não mobilizar a União Fabril, se vai ou não acabar com essa questão dos superfosfatos, se resolve os problemas duma maneira ou doutra.

O que não pode continuar é este sistema de que nós, no Parlamento, só somos chamados a solucionor as questões quando têm atingido uma tal gravidade, quando estão em tal estado que pode classificar-se;de desespero.

Os Ministros enredam a sua vida nacional pela sua falta de competência, e quando a solução das questões se lhes não apresenta fácil, vem então ao seio da representação nacional a apelar para a nossa boa vontade, a pedir a nossa cooperação e trabalho. Neste jogo de empurra, o Parlamento pode ser muito mau, mas os Ministros não são melhores.