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Diário do^Càmara dos Deputados

e leviana referência aqui feita ao rnea nome, quando é certo que o próprio Sr. Vaz Guedes não há muito, sorridente e" confiado, parecendo ter espelhada na fisionomia uma onda de satisfação e no olhar uma sincera simpatia, me afirmava num gesto cordial, que socegasse pois essa insinuação era inteiramente despida de valor.

Ora, Sr. Presidente, a referida nota vem acompanhada de duas cartas dactilografadas, com a assinatura de dois industriais portuenses, adredes a patentear a honestidade de Ramiro Mourão, e que mais parecem ser da sua autoria, visto deixarem transparecer em suas linhas gerais, aquelas vagas, imprecisas e indeterminadas considerações a que me referi já, que atabalhoadamente emaranham na intenção de deixarem ao espírito dos le-dores interpretações variadas, sem res-ponsabilidades de afirmativas, mas que se podem deduzir, se de má fé forem apreciadas, onde se faz referência talvez com propósitos reservados à minha intervenção como advogado num assunto jurídico que ó digno de esclarecimento.

Tenho de continuar a ser minacioso, embora seja enfadonho para V. Ex.as e muito pese a mim próprio.

Há oito meses aproximadamente foi-me pedida a cooperação de homem de leis para um determinado caso profissional, que aceitei após a cuidadosa análise e consciente estudo das'normas legais que o regulavam e me não deixaram dúvidas de espécie alguma das razões e dos direitos qiíe cabiam aos meus constituintes, que na verdade eram iniludíveis e completos.

Ora, antes de mais nada, devo declarar com rasgada afoiteza, que é somente pela alta- e significativa consideração que pela Câmara nutro que explico este ponto, não admitindo sequer aos levianos autores de confusões demonstrativas de má intenção que interfiram nos casos em que profissionalmente intervenho desde o momento em que não ligue, como aliás -sucedeu, o meu nome de político ao alevan-tado e independente mester de advogado sem peias nem embaraços.

A nossa missão de juristas é a defesa dos interesses sagrados dos constituintes e não conheço, nem prevejo qualquer incompatibilidade entre a actual situação de

político e a profissão de advogado, nem pessoa alguma a sentiu nos anais parlamentares, sabendo-se que altas figuras que aqui tiveram assento e outras que ainda o têm, simultaneamente as exerceram e exercem, sem reparos inoportunos e impertinentes- dos acanhados de inteligência.

Agora se me servisse da minha influência de Deputado para alcançar a mercê ou favor, contrariando a lei num assunto forense que aos meus cuidados fosse entregue, então conçebia-se e justificava-se a estranheza e até o relego às respqnsa-bilidades inerentes.

Porém tal não sucedeu, como vão apreciar, não por palavras minhas, mas pela palavra, clara e honrada, dum dos interessados, fi quem me dirigi após o aviso, que reputei cordial do Sr. Vaz Guedes, a que já aludi, e que se apressou a responder--mo em carta registada, cujas passagens elucidativas vou ler à Câmara:

«Mirandela, 20 de Abril.— Pede-me que lhe faça a história do malfadado assunto em que me meti com negociantes do Porto. Creio não me ter ainda esquecido do que se passou, o que aliás é'na-lurai, ern face dos prejuízos que tive.

«Eu, Carlos Pereira e João de Oliveira, réfinaclores de açúcar, adquirimos na Companhia Agrícola do Cazengo género da marca C. A. C. que vinha em trânsito de Loanda para Lisboa pelo vapor Zaire.

«Era esta compra feita pelos refinado-res em harmonia com a lei quo regulava o comércio dos açúcares, mas chegado este a essa cidade e como na repartição não houvesse conhecimento da compra, estava para ser rateado pelos manuais daí, quando avisados nos entendemos com várias entidades.

«Era necessário requerer circunstanciadamente, fundamentar a reclamação à face da lei, e assim tive de procurar um advogado que me tratasse do assunto.