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Sestâo de 30 de Abril de 1920

Não me custa a acreditar que no giro deste negócio devem andar mais de 154:000 contos. É que o negócio, além de ser rendoso, ó simples de executar.

j Como ó que se realiza?

E simples: um Banco compra lá fora títulos de renda francesa, fundos brasileiros e papéis japoneses. Um novo rico qnere comprar 100 contos desses papéis. Deposita essa quantia ao câmbio do dia e o Banco manda fazer a transferência dôs-ses papóis ao sen agente no estrangeiro, mediante -um simples telegrama, colocando-os à ordem do comprador.

Se isto é assim só uma.política rasgadamente liberal e suficientemente inteligente ó que pode atenuar os efeitos de tanta especulação.*

Não quero desde já que se entre numa política de ampla liberdade, pois que um salto tam brusco podia neste momento causarjperturbacões graves.

Mas o que não se pode conceber ó que se viva num regime de mentira e artifício, mentira nos diplomas do Governo que não têm sido cumpridos, artifício num Consor-tium que ó uma mistificação.

É preciso entrar numa política de verdade, de honrada decisão em querer onr carar de frente as questões que nos assoberbam.

Ladear e protelar as questões só serve para as tornar cada vez mais irredutíveis' corn profundo gravame para o país.

É necessário transformar a legislação em vigor, pô-la mais de harmonia com os interesses nacionais e de mais fácil execução.

É necessário estimular as iniciativas particulares, grangear aquela confiança e aquele credito do que o Estado carece para ser ajudado.

Urge que os Governos entrem c encetem uma nova vida administrativa em que a par de novos processos se entre num regime de severa e inteligente fiscalização. Só assim se poderá pôr cobro a tanta e tam descabelada especulação, como só assim se poderá melhorar a situação fi-nancoira do Tesouro.

E preciso encarar om toda a sua amplitude a quootão cambial e qvm na, anã renolucão colaborem as inteligências do Parlamento.

Oxalá que as minhas considerações pró-voquem nesta case. um Iw^o dohate de

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As preguntas ficam clara e devidamente feitas ao Sr. Ministro das Finanças.

Aguardo as suas respostas para delas tirar então as lícitas conclusões e porventura fazer considerações que mais se ajustem às razões que me levaram a levantar esta questão que é por todgs reconhecida como a de mais instante e rápida solução.

Tenho dito.

O Sr. Ferreira da Rocha:—Requeiro a V. Ex.a, Sr,. Presidente, que após a resposta do Sr. Ministro das Finanças, o debate seja-generalizado.

O Sr. Ministro das "Finanças (Fina Lopes): — Sr. Presidente: ouvi com toda à atenção, como mo cumpria, as considerações feitas pelo ilustre Deputado Sr. Leio Portela.

Começou S'. Ex.a por dizer que não fazia política; acredito, mas apenas porque S. Ex.a o disso.

~ Sr. Presidente: um assunto de tal magnitude como Ôste não d'eve ser aqui levantado de animo leve e em negócio urgente.

O Sr. Leio Portela: —Perdão, eu preveni liai e honestamente V. Ex.a de que desejava tratar aqui a questão cambial ee V. Ex.a respondeu-me que era favor tratá-la na quinta ou sexta feira com o que concordei.

Não pode, pois, V. Ex,a dizer que levantei este assunto de ânimo leve.

O Orador: — Julguei que Y. Ex.a apenas irja fazer sobre o caso ligeiras considerações, pão supondo que V. Ex.a o viesse tratar, com a proficiência e desenvolvimento com que o fez.

S. Ex.a fez divagações, com algumas das quais concordo em absoluto, mas com outras do forma alguma posso estar de acordo.

A situação cambial, a meu ver, é motivada por circunstâncias de vária ordem; uma delas ó, de facto, o aumenta da circulação fiduciária.