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Diário da Câmara dos Deputados

à indústria manufactureira do calçado, cujo produto transita da fábrica para o consumo do mercado com uma margem de lucros muitas vezes de 100 por cento! Estamos todos a sentir os eleitos dessa desmedida ganância. O Tesouro está pobre; contudo, esses ilustres cavalheiros, representantes ilegítimos do verdadeiro e honesto comércio e indústria, enchem as suas burras de ouro, centuplicando os capitais das suas sociedades.

Devo ainda dizer que tive conhecimento de que ao assambarcamento e exportação em massa dos nossos tecidos de algodão se seguiria uma igual exportação dos tecidos de lã.

As grandes encomendas feitas pelos comerciantes portugueses destinavam-se todas à nossa vizinha Espanha e motivadas pela forte valorização das suas pese-tas.

A continuação deste estado de cousas conduzir-nos-ia ao resultado de, dentro em pouco, os nossos stocks, mesmo os da capital, terem desaparecido. De mais a mais essa conquista facílima do mercado espanhol, que só representa falta de patriotismo, não determinava o menor dispêndio de fósforo da parte dos beneméritos inuusuucus para õ, Cúiiquisiã do novo mercado no período mais angustioso da nossa nacionalidade.

Comprar no nosso País por um o que no seu valia dez} e assim aumentando a procura, certamente, nós ficaríamos, dentro em pouco, sem um simples metro de algodão ou lã tecidos.

Foi esse o único motivo porque promulguei o meu decreto, e não estou ar--rependido de o ter feito, pois emquanto aqui me conservar e subsistirem as fortes razões que o determinaram não lhe alterarei uma vírgula.

O Sr. Álvaro de Castro (para explicações):— Eu não vi bem como as considerações do Sr. Ministro do Comércio e Comunicações respondessem às minhas.

S. Ex.a, desculpe-me a comparação, mas adoptou o sistema do Patagónia.

Pelo facto duma indústria ter procedido mal, entendeu que devia ter fechado a porta a .todas, e por esse processo o melhor seria mesmo acabar com a indústria.

Eu disse que o decreto podia ter as suas vantagens num certo momento e

preguntei certos e determinados números para procurar saber qual o alcance do decreto, e quais os seus efeitos, porque não compreendo que um país que tenha necessidade de abastecer-se de algodão e de lã proíba a exportação e dessa proibição resulte vantagens para o Estado.

Não percebo o que o Estado e o País percam em poderem exportar produtos manufacturados além das suas necessida dês.

Eu fico com o meu convencimento, S. Ex.a fica com o- seu e o País, entretanto, vai sofrendo com as consequências.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Lúcio de Azevedo) (para explicações)-.— Pedi a palavra simplesmente para umas ligeiras explicações.

S. Ex.a o Sr. Álvaro de Castro sabe muito bem que uma indústria que foi cimentada numa dezena de anos de protecção não pode laborar nas mesmas condições de especulação, que nos conduziram a este estado de um mísero lençol custar 10$ e de um lenço de assoar custar 1$.

S. Ex.s apresentou argumentos niuilo bonitos, mas não me apresentou números que me convencessem ou que me fizessem a demonstração matemática de que, de facto, chegaríamos às suas conclusões.

Tenho dito,

O orador não reviu.

O, Sr. Raul Tamagnini Barbosa: — Sr.

Presidente: pedi a palavra para pregun-tar ao Sr. Ministro da Agricultura se ele se lembra que, em 10 de Maio de 1919* foi publicado um íecreto permitindo a cultura da beterraba no nosso País.

Esse decreto com força de lei ainda até agora não entrou em vigor e, todavia, todos sabemos as dificuldades com que lutamos para nos abastecermos de açúcar.

Por mais que os G-overnos prometam que teremos açúcar em quantidade amanhã ou depois, a verdade é que continuamos a pagá-lo por preços exageradís-simos.