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Sessão âe 21 de Maio de ±939

mós a seguir ó este: construir um edifício novo..

Posta a questão nestes termos, grande parte da argumentação apresentada em contrário, não tem razão de ser, cai por si mesma.

Eu prezo-me de ser um espírito prático, mas, Sr. Presidente, espírito prático não quere dizer mesquinho e o critério da maior parte das pessoas que pretenderam liquidar a proposta do Sr. Ministro da Instrução é um critério mesquinho, é o critério de indivíduos que não souberam ver a questão além do momento inconsistente e perturbado que passa.

Como dizia Goethe, é necessário ver «as questões de todos os ângulos». Não fizeram assim os nossos ilustres colegas em questão, porque não/ souberam verificar que seria uma vergonha para todos o solidarizar-se com os homens do passado, por amor de cuja atitude alguns dos mais raros exemplares dos nossos livrescos estão inutilizados para a obça intelectual que ô necessário levar a eabo dentro do nosso país.

SP. Presidente 5 permita-me V. Ex.a resumir numa imagem tirada da minha profissão a perfeita definição do assunto.

Imagine V. Ex.a que dentro da minha família, por exemplo, havia uma pessoa que enfermara duma doença cirúrgica, cuja cura importaria uma quantiosa ope-

seria a minha atitude moral se porventura para me furtar a essa despesa, embora com sacrifício e só com sacrifício a poderia fazer, a entregasse às mesinhas da medicina, sabendo, previamente, que a morte seria o termo inevitável? A classificação moral não poderia ser senão preparativa p,or parto das almas bem formadas., j E assim com a caso d© que estamos tratandos!

Pior, porque se para nos furtarmos a despesas, presistirmos na continuação do estado de cousas que para vergonha de Portugal se está passando na Biblioteca, nós temos cometido um acto ainda mais revoltante, visto que não interessa aponas a uma família — interessa à possibilidade da vida intelectual duiu pais inteiro.

Nem sequer só pode invocar o argumento de que nfio podemos distrair neste momento as centenas de contos indispensáveis paira fazer essas obras; as condi-

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coes são tais que, como o próprio Sr. Brito Camacho referiu aqui, embora para fazer um argumento contra, na Escola de Belas Artes Q no Museu de Arte Contemporânea se tom dado já casos de tubereulização devido às condições higiénicas da suas instações.

Caso tam grave como a tubereulização ae pessoas, é o da inutilização dos livros devida às condições em que se encontra a Biblioteca Nacional de Lisboa.

Disso ainda S. Ex.a que não podemos construir o edifício da Biblioteca, porque teríamos de constuir não um, mas três edifícios: um para o Museu das Belas Artes, outro para o Museu da Arte Contemporânea e ainda outro para a Biblioteca Nacional.

Sr. Presidente: não concordo com esta afirmação, porque as necessidades de instalação, quer do Museu de Arte Contemporânea, quer da Escola Nacional de Belas Artes, não são comparáveis às da Biblioteca.

As necessidades de instalação desses dois estabelecimentos, aliás interessantíssimos, não são as mesmas, específicas daquelas que correspondem à Biblioteca.

Com facilidade poderia indicar os lugares onde se instalassem a Escola de Belas Artes e o Museu de Arte Contemporânea, o que não posso é indicar um edifício onde se possa instalar razoavelmente a Biblioteca Nacional de Lisboa.

Sei que S. Ex.anão pôs má vontade na discussão deste projecto, seria uma injustiça da minha parte afirmar o contrário; sei que S Ex.a pôs até na sua atitude uma intenção patriótica, querendo que em primeiro lugar adquirissem os meios necessários ao desenvolvimento da nossa economia, para depois nas dedicarmos à obra de fazer aqueles monumentos, aquelas instalações, que traduzem a satisfação de necessidades super ores, mas adiáveis.

Tambôrn me não afasto dessa consideração; unicamente entendo que as circunstâncias tornam inadiável o sacrifício que se pede agora.

O Sr. Presidente: — Previno Y. Ex.a do que faltam aponas quatro minutos para se passar à segunda parto da ordem do dia.