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belecendo o princípio de que as receitas criadas por esses serviços lhes pertencem. Apartes.

O Orador: — Eu protesto contraísse, porque as receitas. são, como já disse, todas^ do Estado.

E por isso que dizem que os correios e telégrafos têm receitas próprias.

£ Podem V. Ex.as ter a certeza de que o Estado tenha dinheiro para construir uma nova biblioteca?

,;Queni tem a certeza de que, continuando este estado de cousas, daqui a um ano nós tenhamos dinheiro para qualquer cousa?

O que é indispensável agora é assegurar a nossa existência.

Apartes.

O Orador : — O ponto de vista deve ser dar o dinheiro indispensável, não para construir uma cousa nova, mas para se não destruir o que existe.

£ Sabe, por acaso, o Sr. Lúcio dos Santos qual é o déficit averiguado neste ano?

O £3 r. Lúcio dos Santos (interrompendo):— O Sr. Ventura Terra disse que com o que se tinha gasto em reparações se tinham feito trinta edifícios. E no fim de vinte anos V. Ex.a, com essas verbas, teria gasto mais do que em. fazer o edifício.

O Orador: — O Sr. Ventura Terra disse isso porque era êíe a construir o edifício, mas sendo o Estado a construir é muito mais caro.

O Sr. Raul Tamagnini Barbosa (interrompendo}:— Até há lá formiga branca.

O Orador: — Agora é que eu fico aterrado !

Entendo que devem resolver o assunto de harmonia com as circunstâncias do Tesouro, que certamente não permitem a construção de edifícios novos, porque devemos limitar-nos ao mínimo que se possa fazer, e nunca essa loucura de fazer edifícios novos numa situação melindrosa coino aquela em que nos encontramos.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando resutuir, re-

Diârio da Câmara do» Deputados

vistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Eduardo de Sousa: — Sr. Presidente : alongado vai já este debate, mais até do que o preciso para que o assunto se repute suficientemente esclarecido. Serei breve, por isso.

Eu fui um dos poucos Deputados que se dirigiram à Biblioteca para examinar de perto a interessante e preciosa exposição, que eu poderei chamar uma verdadeira exposição da incúria nacional. .

Realmente a Biblioteca está a arder o de há muito, e necessário é, portanto, que de pronto se lance mão de moios profícuos e eficazes para que ôsse incôudio seja, senão extinto, pelo menos atenuado.

A crítica à proposta que se discute foi já largamente feita nesta Câmara pelos ilustres oradores que me precederam, principalmente pelo ilustre Deputíido e eminente chefe do Partido Liberal, /o Sr, Brito Camacho.

Evidentemente que dou o meu voto e o nieu maior elogio à iniciativa do Sr. Ministro da Instrução Pública, porque o tempo £asto a diso.iit.ir e M tratar de assuntos intelectuais não é tempo perdido, e esta discussão sobre tain importante assunto exalta mais o Parlamento o levanta mais a sua capacidade mental e moral do que, por exemplo, o projectículo quo ainda há pouco foi discutido acerca do ópio.

O Sr. Alves dos Santos fez, e muito bem, uma erudita apreciação da Biblioteca da Universidade de Coimbra, que ó modelar em comparação com a Biblioteca Nacional de Lisboa. Outro Deputado, o Sr. Alberto Jordão, referiu-se ao estado da Biblioteca de Évora, enumerando as preciosidades que ela contêm, e realmente chegamos á triste certeza de que a Biblioteca Nacional de Lisboa é o estabelecimento mais deplorável do género. J6um verdadeiro monumento da incúria e desvergonha nacionais.