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O Sr. Presidente:—-O Sr. Ladlslau Batalha pede para que seja consultada a Câmara sobre se permite que apresente uma proposta regulamentando asrsessões nocturnas.

Parece-me, porém, que, segundo o § 2.° do artigo 51.° do Regimento, essa proposta não pode' ser admitida. (Apoiados). Bin todo o caso eu vou' consultar a Câmara ...

O Sr. Carlos Olavo: —V. Ex.a não tem nada q.ue consultar a Câmara.

Posto à votação o requerimento do Sr. Ladislau Batalha, é rejeitado.

O Sr. Ministro do Trabalho (Bartolomeu Severino):—Mando para a Mesa algumas propostas de lei que eu terei ocasião dê defender quando forem discutidas. Uma delas, porém, refore-se a úín assunto quê reputo da máxima importância, qual seja o de prover de recursos cilguns hospitais, entre eles o de Coimbra, que se encontra em precárias condições. ^

Para as propostas que1 acabo de apresentar peço urgência.

É concedida.

O Sr. João Catooesas: — Sr. Presi-detíto: já o Sr. Eduardo de Sousa teve ocasião — e muito bem, a meu ver, — de salientar que ô tempo perdido por esta Câmara na discussão deste assunto não nos diminui e bem pelo contrário, nos ale-vanta no conceito de todo o País.

Efectivamente, a proposta que o Sr. Ministro da Instrução Pública siíbrneteu à nossa apreciação é daquelas que merecera o apaixonado interôsse de todos nós, porquanto traduz o honesto propósito de acudir com meios eficazes a um problema cuja urgente resolução se me afigura ser de salvação pública.

A Biblioteca Nacional de Lisboa—disse-o por uma forma pitoresca, mas incisiva e verdadeira, um dos seus funcionários que é, ao mesmo tempo, um dos mais sintilantes espíritos desta geração— j a Biblioteca Nacional de Lisboa está a arder!

Estamos realmente em risco de perdermos, dum dia para o" outro, a melhor parte do nosso património intelectual e :a parte mais valiosa das nossas tradições que, porventura, permitirão restabelecer

i Diário âa Câmara dos Deptitaãtís

e definir a personalidade da nossa Pátria e a personalidade da raça portuguesa.

Basta a simples possibilidade de desaparecimento desse património ^ara que o assunto nos apaixone e nos interesse.

Sabe V. Ex.a, e até o não deveria dizer à Câmara,, pois que é quási uma barbaridade, qtie o factor que mais contribui para o desenvolvimento social ó a cultura.

E de facto absolutamente impossível imaginar a vida social com a complexidade e desenvolvimento necessários, no nosso tempo, sem que uma média de cultura exista, de maneir,a que cada consciência possa habilitar-se a capazmente compreender a fisiologia social dos nossos dias.

As bibliotecas nacionais tem, além da sua ftinção de conservar as preciosidades nacionais, duas outras muito importantes, a de elaboração de conhecimentos scien-tíficos novos e a da divulgação dos conhecimentos adquiridos, sendo, em relação à cultura dum país, tam importantes comd as universidades.

É, pois, Sr. Presidente, a. função de cultura a mais importante, a principal fuiiyãu das bibliotecas nacionais. Neste particular são mesmo os'estabelecimentos mais adoqiuidos às necessidades sociais do nosso tempo, e por isso não passamos por uma cidado moderna, onde não se encontra, como o maior de todos os monumentos a mostrar aos forasteiros, a biblioteca.

Sr. Presidente: eu tive ensejo de, não há muito tempo, visitar um país, cuja fisiologia social não. se pode comparar com a do nosso meio, país inteiramente livre e duma actividade quási inconcebível, e tive ocasião de notar que em todas, as suas cidades, menos ;nas de Í2.a e W.& ordem, o primeiro monumento que mais se nos impõe, em geral, é a biblioteca.

Nas cidades modernas a biblioteca, é erigida, não como monumento contemplativo para os espíritos, mas como o mais adequado à intensificação da cultura, e por isso as bibliotecas distinguem a cidade do nosso tempo, tal como se distinguia a cidade romana pelo seu forense e;. a grega pela agora.