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iras de todos os que tem razão para estar magoados conosco.

Momentos aflitivos se tem passado já depois de se implantar a República e muitos dos que agridem os homens da Eepública, representantes alguns das forças vivas do País neles tem encontrado a segurança do que possuem.

Apesar de todas as afirmações produzidas, o facto é que a especulação continua.

Mesmo depois do aviso que lhes fiz, não se emendaram, o café e o cacau, nos entrepostos de Lisboa, mudaram de dono seis e sete vezes, mas não mudaram de local.

Quem procede desta forma, não tem autoridade alguma para dar leis em matéria de administração, não tem autoridade para lançar o repto seja a quem for.

Os organismos bancários que lhes fa-, cilitaram as negociatas, não tem autoridade alguma para protestar, tendo antes já dado ao Estado aquelas importâncias que legitimamente lhe pertencem.

Digo isto com a consciência certa de que desempenho o meu dever. •

Se o País amanhã se vir numa situação afiietiva, deve indicar se lhe es nomes das pessoas que para ela contribuíram.

Só neste País ó que nas grandes empresas, nos grandes estabelecimentos bancários não tem havido até esta hora o critério suficiente para se proceder duma forma idêntica a outros países.

Torna-se necessário que nos emendemos todos e que todos demos a contribuição legítima porque não se pede mais do que é legítimo.

Ganham-so aos 1:500 contos em dois ou três dias, e eu pregunto a V. Ex.a, pregunto a todos os meus colegas, pregunto à -face do País se é legítimo em qualquer momento que se façam negócios sobre produtos de alimentação pública em que se ganhem tam avultadas quantias. . O facto é verdadeiro.

Aparte do Sr. Aboim Inglês, que não se ouviu.

. O Orador:—Custa muito estar sempre a dizer verdades, mas tem de se dizer, e V. Ex.a sabe que relativamente a vários factos eu podia indicar nomes.

Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Aboim Inglês : —Venham esses nomes.

O Orador:—Ainda tenho aquele pudor elementar que deve ter todo o homem público para só dizer aquilo que é preciso. Proferi unia frase que anda na boca de toda a gente, de que o país tem estado a saque, mas, ó preciso interpretar a minha frase como deve ser.

A alguns dos que a repetem lá fora imaginando que com isso combatem a República, podia eu dizer-lhes: vocês têm sido dos piores saqueadores.

Elaborei, com o concurso dos meus colegas do Ministério, aquelo diploma conhecido pelo nome de «Consórcio»; não me arrependo do que fiz, e nunca o considerei mais do que uma medida de circunstância. Salvou muita gente e nesse momento salvou muito crédito. Evitou o pânico, evitou corridas e alguns daqueles que foram salvos já gritam.

O «Consórcio» não foi cumprido, apesar dos interessados me terem afirmado que seriam escravos da sua palavra.

Não há ninguém que desconheça o cambalacho cambial que se fez e é do domínio público que alguém, sem a mínima cerimónia, fazia o circuito Lisboa--Pôrto para obter os melhores resultados na especulação a que só dedicava.

As únicas pessoas que cumpriram o seu dever perante o decreto das cambiais foram os .funcionários dos correios e telégrafos.

Estamos num país que eu tenho o direito de dizer que tem estado a saque, e onde existem èriaturas verdadeiramente sem vergonha.

Tem havido este poder quási sobrenatural dos homens públicos estarem de cócoras, com medo não sei de quem nem de quê.

Eu quero tomar para mim, simplesmente, a responsabilidade das palavras que proferi e delas, quando eu não falo em nome do partido a que tenho a honra de pertencer, só eu sou inteiramente responsável.