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Diário da Câmara dos Deputado»

foi/ quando pela boca do seu presidente aqui se--lançaram insinuações sobre o Parlamento, e os documentos principais, sagrados, entregues à sua guarda, eram mostrados em peça» isoladas do processo, nos corredores da Câmara, em toda a parte emfim?

Sr. Presidente: j que meticuloso era o procedimento da comissão de inquérito! Ela que invoca, como motivo, a solicitude da- Mesar por ter mandado um ofício pedindo para que de vários documentos fossem enviadas as respectivas cópias, quando na altura em que não se tinham ainda organizados processos, quando na altura cm que se não tinham ouvido ainda os Deputados incriminados, se mostravam os documentos principais, aqueles sobre os quais se devia guardar maior sigilo, nos corredores da Câmara dos Deputados.

Mas, há outro argumento invocado pelo Sr. António Granjo, para que a comissão apresentasse a sua demissão, qual é o de ter vindo publicada nos jornais uma notícia em que o Partido Democrático dava a sua solidariedade ao Sr. Senador Ernesto Navarro, que a comissão mandou, por possíveis indícios de culpabilidade, finyia.r Tiara, os tribunais da República.

£ Então a comissão é delegada do Partido Democrático, ou é delegada desta Câmara ?

;.Q,ue me importa a ruim, que importa à comissão de inquérito que o Partido Democrático desse a sua solidariedade a um dos seus membros?

ó Que importa à comissão que o Partido Democrático seja solidário com um dos- seus membros?

A comissão deve pairar muito acima destes factos e jamais apresentar a sua demissão por esse motivo.

Mas vou agora referir-me a outro argumento do Sr. António Granjo, ê que é o facto do Senado se ter solidarizado com o Sr. Lima Alves, facto' que tanto imr pressionou a comissão..

Mas,- pregunto :

^ Então vai ligar importância ao facto do Senado se ter solidarizado com os actos de um homem que está incriminado e que há-de ser julgado, mas que pode estar inocente?

£É esse o motivo que impressiona a comissão e a obriga a apresentar a sua demissão? ^

Oh! Sr. Presidente, parece-me que a comissão, seguramente, andou à procura dum pretexto para apresentar a sua demissão, e eu pregunto Sr. António Granjo,. porque li os relatórios de V. Ex.% que aliás não habilitam ainda esta Câmara a a fazer um juízo seguro sobre os trabalhos que V. Ex.as realizaram,

I Sr. António Granjo retire o seu pedido!

V. Ex.a que, com o seu discurso pairou tam alto, acima dos políticos, acima, do seu partido, vem agora pairar tam baixo, por causa do Partido Democrático I

Não, Sr. Presidente, há-de ir até o fim ; a comissão há-de ir até o fim, porque não queremos que, por causa do pedido de demissão, se comecem a avolumar as ex-

V. Ex.as não têm 'ainda os seus trabalhos concluídos, e eu não tenho ainda elementos suficientes para fazer um juízo seguro acerca dos seus trabalhos,

Eu, como representante do meu partido, quero que todos os ladrões, se os houver, vão para a cadeia^ sejam eles de que partido forem.

A República dignifica-se punindo todos-os indivíduos que porventura pratiquem escândalos ou crimes.

V. Ex.as não podem recuar, e eu daqui peço, em nome do meu partido, que retirem o pedido de demissão, porque não. têm razão para isso*

Sr. António Granjo : a comissão tem de^ ficar, V. Ex.a tem de ir para a frente,. pois não se compreendo que a comissão abandone os seus cargos por argumentos tam infantis, tam pueris.

A especulação dos inimigos do regime-pode surgir, pois que os processos não estão concluídos, como, por exemplo, o-caso respeitante ao arroz espanhol.