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A Câmara não esteve a divertir-se promulgando uma loi a fim de que se inquirisse tudo quanto houvesse de suspeito ou de criminoso em qualquer dos Ministérios mencionados na lei pela qual S. Ex.as tomaram conta das funções que a Câmara lhes atribuiu.

Seria absolutamente fantástico que isso se fizesse.

Estou absolutamente convencido de que ninguém nesta Câmara é capaz de dar um voto de assentimento à resolução tomada pelos ilustres membros que compõem essa comissão. As razões invocadas pelo Sr. António Granjo para nós não são de colher. Que S. Ex.a se magoe com esta ou aquela afirmação produzida neste ou naquele momento, convenho, mas também é certo que desde há muito vimos dizen-do que essas circunstâncias foram todas produzidas por um procedimento que, se não é digno da nossa censura é pelo menos, do nosso reparo.

Este lado da Câmara tem dentro da comissão pessoas que muito preza mas não destingue, como não preza nem destingue os outros membros dessa comissão. Este lado da Câmara nunca era capaz de fazer qualquer solicitação aos seus correligionários no sentido de que não averiguassem tudo, ainda aquilo que pudesse atingir os homens que fazem parte do seu partido.

Nunca lhes disse cousa alguma, nem mesmo quando a comissão entendia que devia enviar para os tribunais pessoas que pertencem ao Partido Eepublicano Português.

Extranhou S. Ex.a que a maioria parlamentar, que os membros que compõem o Partido Republicano Português que tem assento nas duas casas do Parlamento, dessem a sua solidariedade a um seu correligionário.

Acho extraordinário que se invoque, para pedir a demissão, este facto, que se não fosse produzido era criminoso da nossa parte.

Eu não discuto o procedimento do Senado e não temos nada com esse procedimento.

Diário da Câmara dos Deputados

O que achamos digno é o procedimento do Sr. Senador Ernesto Navarro.

S. Ex.a fez muito bem, desejou uma licença e isso é do seu foro íntimo.

Tanto procedeu bem, que ainda há pouco o Sr. António Granjo declarou que embora a comissão tivesse enviado para o tribunal esse ex-Ministro, o considerava homem de bem.

Portanto a comissão e o Sr. António Granjo davam-lhe toda a solidariedade, e não se compreende que não o considerando homem de bem, lhe dessem a sua solidariedade.

Apartes.

A comissão disse que mandava esses

homens para o tribunal porque a lei diz

! que não é necessária a certeza do delito.

Eu desejo e certamente todos deste lado da Câmara desejam que a comissão continue.

(j Porque é que esta questão tem sido malfadada? Porque eu disse desde a primeira hora que a política não se presta para justiça.

Neste momento essa comissão está nuni posto de honra, que ninguém tem direito de ^abandonar.

1D certo que neiu. sempre as discussões relativas a este assunto têm tido a elevação necessária neste Parlamento, como devem ter.

jLi certo que muita gente tem querido enxovalhar o Parlamento, mas não temos culpa disso.

Nós prezamos muito o Sr. Yaz Guedes, mas não -concordamos em serem mandadas notas dessa comissão para os jornais.

Ninguém tem direito de mandar essas notas para a imprensa e só as pode mandar para os .tribunais.

A comissão que não praticasse assim, diga-se a verdade, praticava uma obra que não era digna.

Sr. Presidente: é preciso dizer-se que não se pode aceitar a doutrina segundo a qual qualquer Ministro teria a responsabilidade moral de actos que pratique por virtude de falsas informações da parte de entidades que não hesitam em abusar da confiança que inspiram.

Seria uma cousa fantástica. Seria a inversão de tudo quanto é justo.