O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20

Mas pensaram: «O Cunha Liai não sabe de nada», o então procuraram o nosso colega Afonso de Macedo para lhe dizer: «Há lá umas pequenas referências ao Cunha Liai. Trata-se de cousas sem importância; no emtanto seria desagradável falar-se no assunto».

A coacção moral era, pois, evidente e eu n^o a classifico porque não quero sair daquela serenidade que é às vezes indispensável.

Nestas condições, eu pregunto à consciência dos homens honestos, que são todos os que se sentam nas cadeiras desta Câmara, se, porventura, alguém pode ficar silencioso depois disto, se alguém, sabendo que o seu nome é enxovalhado, pode abdicar do direito do vir a esta casa do Parlamento dizer a verdade e desmascarar os seus acusadores. (Muitos apoiados).

l E é essa comissão, tão cheia de inconfidências públicas e de inconfidências particulares, umas feitas nesta própria Câmara, outras nos seus corredores, e que por elas foi convidada a depositar os seus documentos na Mesa, é essa comissão que diz que não me pode fornecer determinados documentos, quando não hesita em fornecê-los ao público!

O Sr. Júlio Martins:—Discutindo-os até! Já não é a primeira vez que aparece uma nota da comissão e logo a seguir uma nota da moagem a discutir com ela.

O Orador: — £ Porque me querem, então, negar o direito a mini, que estou da banda de cá, que tenho uma enorme desconfiança na capacidade da comissão, embora a não manifeste para que ela possa concluir os seus trabalhos, para que me querem negar o direito, repito, de vir aqui apontar determinados factos e porque motivo se considera ela ofendida?

A posição especial em que me coloquei é mais uma razão para que a comissão, não aceitando este meu veredictum particular, leve até o fim os seus trabalhos de investigação, apurando tudo, absolutamente tudo, para que se não possa dizer que o Partido Liberal teve uma linha de conduta diferente de qualquer outro partido.

«Eu queria mandar para os tribunais o Sr. Lino Pinto», disse o presidente da

Diário da Câmara dos Deputados

comissão, mas não foi para os tribunais porque o Sr. António Graujo ficou com a nota na algibeira. ..

O Sr. António Granjo, (interro ^pendo) : — Perdão, eu pregunto à Câmara, pois que nunca tive notícia de tal afirmação, se realmente o Sr. Vaz Guedes afirmou nesta Câmara que o Sr. Lino Pinto não tinha sido remetido para o tribunal por eu ter metido na algibeira a respectiva nota.

j Eu preciso saber se, realmente, tal afirmação aqui se fez, Sr. Presidente!

O Orador: — ; Eu já não sei quem está no uso da palavra!

Parece-me que a primeira pessoa a quem S. Ex.a deveria convidar para explicar a afirmação seria eu e S. Ex.a não pode pôr em dúvida que eu pudesso ter interpretado erradamente as palavras do alguém, mas, desde que me afirmam o contrário, eu modifico o meu juízo.

V. Ex.a não me deixou concluir o meu pensamento e isso pode dar ao público a impressão de que eu fiz uma afirmação falsa.

.Mas, Sr. Presidente, rectificada a minha memória pelos colegas que me escutaram, o Sr. Vaz Guedes disse o seguinte: «Em minha opinião o Sr. Lino Pinto deveria ser enviado para os tribunais, mas o Sr. António Granjo levou o processo para dar sobre ele parecer».

O Sr. António Granjo: — Isso não ó verdade! Eu declarei aqui na Câmara que não tinha dado parecer algum sobre o-processo do Sr. Lino Pinto, como de nenhum outro.

O Orador:—Mas como eu faço juízo apenas pelas afirmações produzidas nesta Câmara e não por conversas particulares, o que é facto ó que ossas palavras se pronunciaram e eu pregunto se elas não traduzem até uma desconfiança de membros da comissão de inquérito.

(Pausa).