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defeza de todos os documentos sobre os quais assenta a cultura. Esses documentos valem muito, Sr. António Fonseca! Valem tanto, que nada há que os pague. São a civilização de um povo.,

Nas bibliotecas de Évora, Coimbra e em outros arquivos do Estado existem' raridades bibliográficas, algumas ainda virgens de qualquer consulta.

Tudo isto está ma] acautelado, porque a verdade é que nós não temos bibliotecas.

Pois a verdade é esta: nós não temos bibliotecas no sentido rigoroso do termo.

Uma biblioteca não é uma casa com estantes, onde se arramam livros.'Isso'é um depósito, é uni armazém de livros.

Uma biblioteca é um organismo muito complexo. Há até uma sciência que se chama a biblioteconomia, que é muito complicada, e sobre a qual se têm escrito obras que enchem bibliotecas inteiras. E há países, como a Alemanha, a Inglaterra e a Suíça, que se têm dedicado inteiramente à boa instalação das suas bibliotecas, onde há casas vastas, limpas e arejadas, para a leitura, onde há depósitos com todas as disposições modernas para arrumação dos iivrus, e onde estão os serviços perfeitamente organizados para a pesquisa e investigação, sem as quais nada se pode estudar, ao passo que na nossa Biblioteca se pede um livro menos lido, e não se encontra, ficam logo todos os empregados atrapalhados à procura dele, sem saberem onde ele para, visto que não Jiá ali método, nem organização.

Mas o que eu quero dizer é que o Sr. António Fonseca transigindo em votar 200 contos para obras de saneamento na Biblioteca Nacional, S. Ex.a arrancando este tremendo sacrifício à bolsa do contribuinte, em proveito da defeza do património nacional, S. Ex.a encontra-se muito satisfeito com a sua consciência,julgando ter prestado um bom serviço ao seu pais. Maldito espírito de forretismo, esse, que imagina resolver tudo.

Eu quero que V. Ex.a seja um cão de fila na defesa do erário público; mas V. Ex.a faça distinções, V. Ex.a distinga. Há despesas que representam altos valores morais, e que devem ser colocados acima de todos os outros, pois a eles ó que V. Ex.a dove a sua corebração e o estar sentado nessas cadeiras.

Diário da, Câmara, dos Deputados

Pois aos documentos que existem na Biblioteca, alguns deles perfeitamente dês-, troçados, V. Ex.a arbitra 200 ontos para o seu saneamento! ?

O Sr. António Fonseca: — ^V. Ex.: dá-me licença?

Eu arranjo a maneira prática de se conseguir receita para obras de saneamento e V. Ex.a está a referir-se a mim, como se fosse eu' que tivesse bramado aqui contra qualquer despesa nesse sentido!?.

O Orador: — Eu se me referi a V. Ex.a é pela muita consideração que tonho por si e porque acho que é insignificante a verba dos 200 contos.

Na minha substituição íaz-se uma proposta razoável.

Eu arbitro para que seja inscrita no lugar próprio do Orçamento de 1920--1921 a quantia que reputo necessária para fazer apenas uma obra de desinfecção e limpeza de livros.

Não chega para mais. Se V. Ex.as considerarem que é necessário organizar um catálogo scientífico na Biblioteca Nacional, que é preciso dotá-la com estantes qne não sejam atacadas pelos insectos, que é indispensável arejar e reconstruir o edifício, isto não chega a nada.

V. Ex.as não ignoram que as estufas para desinfecção de livros, formol, etc., estão hoje por um preço exorbitante, e a Biblioteca Nacional está, em grande parte, atíicada por uma fauna bibliófaga.

Pois os 200 contos quási que não chegarão para pagar ao pessoal necessário para a limpeza e arejamento dos livros.

E por isso que eu dizia, logo no princípio, que esta questão devia ser resolvida fundamentalmente, retirando-se da Biblioteca as espécies raras para outro edifício em boas condições, e pensando--se, desde já, em outro edifício próprio para ela.

Este é o problema referente à Biblioteca Nacional. Vamos à segunda parte.

Eu-vou justificar plenamente a minha emenda.