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Sessão de 23 de Junho de 1920

mais: 50 contos para obras de ampliação da Biblioteca da Universidade de Coimbra. Eu vou explicar a que eles se destinam.

A Biblioteca de Coimbra é um monumento nacional. Ela é antes uin museu bibliográfico, do que uma biblioteca, tanto que as suas salas monumentais encontram-se fechadas à leitura pública. E nunca ali se deviam ter admitido leitores, porque essas salas, devidas à iniciativa de D. João V, que pôs ali o seu espírito de magnificência, como em tudo que mandou fazer, desde sempre que não foram destinadas para casas de trabalho.

A luz é insuficiente, é bi-lateral, e duas janelas que existiam do lado direito duma das salas foram mandadas tapar.

Os indivíduos que estejam nas mesas do lado da galeria, -de onde provêm a luz,' não podem ler, estragam a vista, e muitos estudantes lá a estragaram...

De resto, essas salas, por isso mesmo que são revestidas de galerias, em magníficas obras de talha, enchem-se com facilidade de pó, pó que, sendo trazido na sola das botas dos leitores, e arrancado ao pavimento, que ó de calcáreo, se eleva no ar, indo-se depositar nessa talha...

Além disso, o seu mobiliário riquíssimo, que hoje vale muitas centenas de milhares de escudos, não serve para'o fim a que o destinaram.

As mesas, de madeiras preciosas, e os bancos não oferecem comodidade alguma. ..

De forma que, Sr. Presidente, quando assumi a direcção da Biblioteca, mandei logo encerrar essas salas, que são hoje apenas um mu?eu, e arranjei uma saía para ler;, pela transformação dum anexo da mesma Biblioteca, que era um depósito de livros, criando, assim, essa esplêndida instalação que hoje lá se encontra, e que ó um modelo d

Fui buscar a verba que o Estado destina à aquisição do livros estrangeiros, isto é, a verba de 1:000$ por ano.

Foi com uma parte dessa quantia, durante os anos que durou a guerra, que consegui obter os moios suficientes para o referido fim.

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Na sessão de há dias, em que ti atei deste mesmo assunto, talei da falta de espaço para a colocação de livros»

Havendo um decreto que manda quo sejam enviados dois exemplares de todas as obras editadas no país à Biblioteca, sucede que, não havendo espaço, os livros, depois de catalogados, são colocados uns sobre os outros, pm locaia impróprios, tornando-se assim difícil,|se não impossível, a sua procura quando são requisitados.

Há depósitos de certos livros e de jornais, onde se acham toneladas de volumes uns sobre os outros, como no chamado edifício de S. Pedro.

A falta de espaço é tal, que a Universidade não pode tomar conta, por não ter onde a instalar, da Biblioteca do Seminário, que tem mais de 30:000 volumes!

A Sala dos Reservados da Biblioteca, onde existem espécies bibliográficas verdadeiramente preciosas, não tem dois centavos para ocorrer às despesas com a sua conservação!

Existe uma planta, levantada por um engenheiro da Câmara Municipal de Lisboa, para a construção dum anexo à Biblioteca.

Mas eu não pretendo executar agora essa planta, 'que custaria muito dinheiro.

Basta-me conseguir que seja adaptada a depósito de livros uma ampla casa que fica debaixo da actual sala de leitura. Preciso para isso de 50 contos.

Esta importância, junta com mais 50 contos para a Biblioteca de Évora e com mais 50 contos para o arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e ainda com 250 contos para a Biblioteca Nacional de Lisboa, perfaz uma quantia de 400 contos, o que, devemos concordar, não é nada exagerado para uma obra de tamanha grandeza e importância nacional.

Já quo falei do arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, devo esclarecer a Câmara a este respeito.

Esse arquivo é dum altíssimo valor histórico para a nossa nacionalidade.

Os documentos que o constituem, como

a Câmara sabe, subministram nos todos

os elementos de que carecemos para o

j estudo das relações de Portugal com os

outros países, e para a história da nossa

nacionalidade, principalmente, depois do