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Tudo o mais neste programa revela a mesma boa vontade de pôr de acordo nesta Câmara todas e as mais divergentes opiniões. E era por isso que eu dizia que efectivamente o Governo podia, a meu ver, ter o incondicional apoio de todos os grupçs da Câmara, porquanto não sendo absolutamente nada positivo na sua declaração ministerial, eu , ver-me-ia em graves embaraços para discutir a sua obra futura de Governo, a orientação a que ela obedece e os princípios que a inculcam.

Careço, portanto, das declarações do Sr. Presidente do Ministério, referidas a todos os pontos que acaba de salientar, muito especialmente aos que se referem à organização das tabelas de preço de cereais panificáveis, à adopção -dum plano geral de fomento colonial, à modificação do regime das concessões, à resolução da questão universitária, à denúncia dos actuais tralados (pois será conveniente que o Governo nos diga quais os tratados que entende dever modificar, qual a orientação que deseja imprimir a esses mesmos tratados e quais as razões que o levaram a colocar no seu programa essa denúncia de tratados, por crer que não é uma cousa que os Governos e as nações façam ad libitum), e quando o Sr. Presidente do Ministério me tiver respondido eu farei mais largas considerações quanto à sua declaração ministerial.

Mas há questões, além destas, que tomam enorme gravidade para o país, envoltas ainda em mistério, mas porventura destinadas a virem repentinamente para a opinião pública, talvez em situação tam melindrosa que nem o Parlamento consiga dar-lhe a solução condigna.

Eu desejo que o Sr. Presidente do Ministério desde já nos esclareça, tirando-, -nos esta dúvida pesada de sobre o nosso espírito, e ao mesmo tempo dizendo-nos claramente quais as suas intenções nesses magnos problemas. Refiro-me à questão da convenção com, a França. Conhece o Sr. Presidente do Ministério a atitude da Câmara nessa questão, e eu desejo saber:

1.° £ Estão dadas ordens para que a convenção não seja cumprida em nenhuma das suas linhas, conforme o pedido instante do Sr. António Maria da Silva, quando Deputado?

Diário da Câmara doe Deputados

2.° (j Porque pensa o Governo substituí-la e que orientação vai dar às suas negociações ?

(Risos do Deputado Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis}.

Não se trata do assunto que mereça risos seja de quem for; é, sim, um assunto que merece muito o nosso estudo e a nossa porideraçc^o.

Tenho tido nesta Câmara palavras do admiração, de consideração e do mais elevado respeito por um país que ó para nós a nossa mãe intelectual e para todo o mundo, e que tem sido até hoje o país propugnador das liberdades públicas, e que foi na Europa o clarim, dos graudes princípios democráticos (Muitos apoiados).

Se não venho por em quanto produzir palavras de defesa a propósito do acordo, não posso deixar de produzir palavras que sejam a defesa dos interesses nacionais, e, mais do que isso, a reconstrução da boa palavra dada por um Governo que tinha a representação do Parlamento português, que em seu nome tratava, e se há questão a deránir não é "oraticsndo actos one ^orventura 'oodeni ser tidos como de menos consideração para com uma nação amiga? As questões internas derimem-se com os homens que ocupam as cadeiras governamentais e é a eles que devemos pedir responsabilida-des dos seus actos, porque são eles os únicos responsáveis e quem deve sofrer as consequências dos seus actos. E digo isto com tanta mais tranquilidade quanto é certo que estou inteiramente seguro da justiça que há de ser feita ao ex-Ministro dos Estrangeiros, Sr. Xavier da Silva. A questão há de ser largamente debatida e há de conhecer-se quam importuna, quam precipitada foi a votação produzida na Câmara dos Deputados a respeito do acordo com a França. Já o demonstrou a atitude da comissão ue estranjeiros do Senado, que, se não se pronunciou, pelo menos já colocou a questão num pó absolutamente diferente. Mas não me interessa discutir agora o problema nesse campo, e desejo unicamente conhecer a resposta às duas preguntas coneretamente formu- • ladas. l