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a certeza é que, conservadores e radicais, oficiais e marujos, têm a respeito de S. Ex.a um pouco mais de cuidado nas afirmações que produzem. (Apoiados).

De resto, tem sido. e muito bem, Ministro da Marinha, o Sr. Fernandes Costa, e por mais de uma vez, e V. Ex.a tinha-o como Presidente do Ministério a que pertenceu.

É claro que a admitir as razões apresentadas pelo Sr. António Gr anjo, tínhamos de convir que o Sr. Fernandes Costa esteve sempre absolutamente deslocado. Mas temos mais: o Sr. Celestino de Almeida, o Sr. Macedo Pinto, o Sr. Aresta Branco, o Sr. João dê Meneses, etc., emfini um grande número de pessoas que eu muito prezo, estiveram sempre deslocadas na pasta da Marinha! Não vale a pena continuar, mas há uma pessoa que não se sente deslocada, porque sabendo neste momento o que é administração—e o Sr. Brederode sabe-o como poucos — compreende a delicadeza da situação do país, não se achando minguado em fazer parte do meu Ministério. (Apoiados).

Millerand e Clemenceau foram também Ministros da Guerra em França, apesar de eivis; c e a mesmo admito que o Sr. António Granjo, que foi oficial miliciano, mas que é mais paisano que militar, faria um bom lugar do Ministro da Guerra.

Eu não o julgava, mas S. Ex.a admitindo esse critério, tinha de se julgar deslocado.

O Governo que aqui se apresenta não despertou a atenção de ninguém sob o ponto de vista da truculência e do desmando que tanto assustam S. Ex.a, porque os homens que aqui estão acham-se abso-Intamente ligados para a realização daquela obra que devia ser de todos e que, infelizmente, tem de ser só de quem se senta nestas cadeiras, com a preocupação de fazer cumprir agora os programas dos seus respectivos Partidos.

Veja-se, Sr. Presidente, a ponderação, o critério e o patriotismo de parte do Partido Socialista que nesta hora — e é isto que faz sangrar o meu coração de republicano— teve melhor a noção das suas responsabilldades e das dificuldades do momento presente do que outros que ajudaram a implantar a Kepública! Sacrificando momentaneamente as suas aspirações, esse Partido dá-nos todo o seu apoio,

Diário da Câmara dos Deputados

ninguém lhe podendo contestar assim o seu amor pela Pátria e pela Kepública.

Disse o Sr. António Granjo, em frases extremamente carinhosas e que jamais olvidarei, que os meus serviços, a minha dedicação à Kepública, todo o carinho que lhe tenho consagrado, e muito tem sido, porque lhe entreguei materialmente não só a minha vida, mas a de toda a minha família, me davam o direito a ocupar as mais altas situações da República.

Nem tanto eu pretendi, Sr. Deputado António Granjo, mas V. Ex.a reconhecendo isso, sabendo que estou aqui em circunstâncias especiais, combatendo o Governo, apresentou como que um programa numa moção, moção que nenhiíma dúvida teria em aprovar se V. Ex.a tivesse encarado a solução da crise, não com aquele espírito restrito em q'uo é considerada a palavra política, se V. Ex.a dela tirasse aquelas palavras que lhe foram metidas a camartelo, porque ninguém tem o direito de afirmar antecipadamente que o Governo não cumpre os seus propósitos e porque algumas das considerações por V. Ex.a feitas na sua moção estão contidas na declaração ministerial.

Nenhuma dúvida teria em aprovar tal

| moção, se V. Ex.a não tivesse posto pa-

| lavras destinadas, não a arranjar uma

| casca de laranja, como se usa dizer, mas

até um pomar inteiro.

Disse o Sr. António Granjo que foi falseada a indicação parlamentar. Veja Y Ex.a, Sr. Presidente, que maneira extraor-dinária de apreciar os factos que se têm desenrolado nesta casa do Parlamento!

Sempre se disse que o chamado bloco de populares, socialistas, independentes e democráticos estava habilitado a aceitar o Poder.

Isto não é um Ministério das esquerdas, mas eu progunto se o País se importa de ter um Ministério das esquerdas ou das direitas, ou, realmente, um Governo que efective o que lhe vai no pensamento e que se torna necessário para a nação.

^Como ó que se pretende que seja considerado extraordinariamente radicaleiro um Governo que tem em si alguns elementos, mais de uru, que nenhuma ligação têm com os chamados partidos da esquerda? '