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Diário da Câmara dos Deputados

Uma voz: — j Em serviços à República discordo l

O Orador: — jQne lho agradeçam os seus aliados do agora!

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis):—j E aliados de V. Ex.a do não há muitos dias!

O Orador:—Da União Sagrada... A mim nada têm de agrodecer; eu fa-ÇO apenas justiça e hei de fazê-la sempre.

O Sr. João Camoesas (interrompendo):— Em serviços à República, considero tanto o Sr. António Maria da Silva como o Sr. Dr. Afonso Costa.

O Sr. Vasco Borges:—Não apoiado!

Uma voz:—Não íaçam confrontos! Cruzam-se diversos apartes e estabelecem-se diálogos.

O Sr. Presidente (agitando a campainha:— Peço a atençílo da Câmara.

O Orador: — O Sr. Dr. Afonso Costa sendo, repito, alguma cousa mais em ta-lontos e em serviços à República do que os homens de hoje, quando se encontrou em conflito com o Senado, teve de cair e teve" de cair porque não há homens por m;:ior que seja a sua envergadura, por maiores que sejam os seus...

Vários Srs. Deputados interrompem si-multâneamente o orador.

Há sussurro na sala.

O Sr. Presidente:—Peço à Câmara que deixe falar o orador.

O Orador: — Eu não falo para eles. Deixo-os V. Ex.a falar. Quando acabarem falarei eu.

O Sr. Manuel Fragoso:— j Estávamos a responder'aos seus correligionários!

O Sr. Alves dos Santos:—j Tom do ouvir, quer queiram quer não! -

O Sr. Manuel. José da Silva (Oliveira do Azeméis):—V. Ex.a é quo se arrisca a não ouvir...

O Sr. Alves dos Santos:—Não compreendo o alcance dessas suas palavras.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis):—É que V. Ex.a naturalmente daqui a pouco retira-se e não ouvirá os outros Srs. Deputados.

Continuam os àpartts.

O Sr. Presidente (agitando a campainha):— Peço a atenção da Câmara. faz-se silêncio.

O Sr. Presidente: — Queira V. Ex.a continuar.

O Orador: — Dizia eu, Sr. Presidente, que o Sr. Afonso Costa, apesar da sua grande envergadura, apesar dos seus elevados méritos...

Uua voz:—j Começa a hora da justiça!

O Orador: — j Nunca deixei de fazê-la!

Apesar dos seus elevados méritos e da situação de predomínio que tinha no seu partido, devido às suas qualidades, o Sr. Dr. Afonso Costa, Sr. Presidente, tevê ue cair perante o conflito com o Senado, porque nunca houve em Portugal, nem há dentro da República, qualquer personalidade que jamais pudesse sobrepor-se à vontade do Parlamento.

A história .da República é demasiadamente elucidativa a tal respeito.

Se os ditadores que a República teve de suportar caíram perante a condenação do povo e perante o civismo das massas republicanas, quaisquer outros pequenos ditadores, quaisquer outros tiranetes, hão--de cair da mesma forma. (ÀfJoiados gerais).

E tanto mais facilmente cairão, quanto são mais medíocres e tem uma situação muito mais insignificante na política portuguesa. (A^íoiados).

O Governo, Sr. Presidente, há-do cair perante a vontade parlamentar manifestada ontem no Senado.

Ò Sr. João Camoesas:—Mas há de cair nas duas Câmaras, a menos que o Senado seja mais do que a Câmara dos Deputados.