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pelo Sr. Alexandre Braga, ele próprio viu-se obrigado a recusar, e aceitando a votação para a proposta, então apresentada pelo Sr. Álvaro Poppe, desistiu de fazer votar a segunda parte da proposta e quando essa proposta fui votada no Congresso ainda se pronunciaram contra ela os Srs. Júlio Martins, que deu representação do seu Partido para ôste Ministério, e o Sr. Mesquita Carvalho que nesta Câmara fala em nome dos Independentes, que igualmente se acham representados neste Gabinete.

Na sessão do Congresso de 26 de Janeiro de 1914, quando se yottiva a proposta apresentada pelo Sr. Álvaro Poppe, foi requerida pelo Sr. Casimiro de Sá votação nominal, tendo-se verificado, segundo o Diário das Sessões, que disseram rejeito, entre outros, os Srs. Júlio Martins e Mesquita Carvalho.

O Sr. Mesquita Carvalho : — Não há paridade alguma entre os dois casos.

O Orador:—Deu-se até uma circunstância deveras interessante nesse debate. Presidia à sessão de 26 do Janeiro o Sr. Anselmo Rraaneamp Freire que era então Presidente do Senado, e, quando votada a primeira parte da proposta, a que dizia respeito ao adiamento, se pretendia fazer votar a segunda, S. Ex.a terminantemente declarou que abandonava a sala e a presidência, porquanto reputava a matéria dessa proposta inconstitucional.

Ora, Sr. Presidente, ó lógico e natural que eu estranhe que tondo o Senado declarado que não apoiava o Governo, ôste aceite Osse conflito que agora se pretende solucionar por uma'forma tam manifestamente inconstitucional, e ao mesmo tempo estranhe que pertencendo ao Senado um dos membros do Governo este, pelo menos, continue a manter-se nesse lugar.

Terminou o Sr. Presidente do Ministério por ler a parte da nota oficiosa em que se declara que-, tendo dado conhecimento ao Sr. Presidente da República dos factos passados, S. Ex.a lhe respondera por modo que ele entendera que era justamente assunto do Poder Legislativo, e que por esse Poder Legislativo deveria ser liquidado o incidente.

Sr. Presidente: creio que' o Sr. Presidente do Ministério talvez não tivesse en-

í)iàrio da Câmara dos t)eputados

tendido bem a resposta do Sr. Presidente da República.

Não é costume um Chefe do Estado responder assim a um Presidente do Ministério que lhe peça a demissão.

É costume do Chefe do Estado responder por modo a dar a compreender que o pedido lhe devia ser feito.

Visto que por delicadeza não deva fazer a este propósito reparos descabidos, citarei o que se passou no tempo da monarquia, quando era rei D. Luís I.

O Sr. Presidente do Conselho, no momento em que era posta na Camará a ' questão, de confiança, teve na moção votada dois votos de maioria.

Nessa noite havia récita de gala e o Presidente do Conselho encontrou-se com o rei.

Contou-lhe que na Câmara tinha sido posta a questão de confiança, e apresentada uma moção, na votação da qual tinha obtido dois votos de nuiioria.

O rei, riu e respondeu-lhe: «Dois voto-to sinh o s, hein?».

O Presidente do Conselho explicou que tinha fora, na província, muitos correligionários, que .se tivessem sido prevenidos. ..

Havia de os prevenir.

O rei responde novamente : «foi pouco, foi pouco...»

Continuou o Presidente do Conselho a apresentar-lhe todas as razões para demonstrar-lhe que, se tivesse tido tempo, tinha podido trazer à Câmara uma maioria esmagadora, e o rei in"sistia: «Ah! Sim ! mas foram dois votozinhos, foi pouco»...

O Presidente do Conselho,. como ele tanta vez lhe respondesse assim, viu que havia vontade de que abandonasse as cadeiras do poder.

Os amigos disseram-lhe que aquilo só significava, do maneira muito delicada, o convite a abandonar o poder.

O que ô interessante é que os amigos do Presidente do Conselho interpretaram tam bem o desejo do rei, que, mal o Pré-' sidente do Conselho lhe apresentou o pedido de demissão, foi logo aceito.

Digo, pois, a V. Ex.a que certamente V. Ex.a interpreta mal a resposta do Sr. Presidente da República.