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Mas, Sr. Presidente, mesmo que a resposta tenha sido, de lacto, a que vem na nota oficiosa, ela para mim não tem outro significado senão o de ser um convite delicado, por parte do Chefe do Estado, ao Sr. Presidente do Ministério para que este apresentasse a demissão do Governo.

Desde que existe um conflito entre um dos órgãos do Poder Legislativo e o Governo, toda a resposta do Chefe do Estado que não seja a de que irá habilitar o Governo com os meios constitucionais para viver, não signilicará mais do que um convite a que o Governo se demita.

Quando em 1914 se debateu uma questão idêntica à actual, o Sr. Brito Camacho pronunciou-se de forma que as suas palavras foram apoiadas por grande parte dos parlamentares que hoje pensam de maneira diferente, e que procuram subtil-• mente apresentar o caso de hoje absolutamente diverso do de 1914.

Sr. Presidente: sinto que tivesse de ser eu, por circunstâncias especiais que não interessam à Câmara, a tomar parte neste debate. Quisera que outro Deputado, de palavra fluente e brilhante, tratasse; em meu lugar, deste assunto, porque esse conseguiria, com os irrespondí-veis argumentos que eu apresentei, mostrar a toda a Câmara a razão que nos assiste, porque, mercê do seu brilho de palavra, seria ouvido por todos os ilustres parlamentares que se encontram nesta sala. O discurso na integra, revisto pelo orador, será publicado quando forem devolvidas as notas taguigráficas.

O Sr. Júlio Martins: — Sr. Presidente: apresentou o Sr. João Camoesas uma proposta de adiamento do Congresso.

Ouvi as declarações feitas por S. Ex.a e pelo Sr. Presidente do Ministério, que declarou que aceitava a proposta do Sr. João Camoesas, fundamentando a sua afirmação em. vários argumentos, e sendo um dos que mais me impressionaram o de que S. Ex.a necessitava, para preparação de assuntos momentosos que tem entre mãos, o tempo dalguns dias de ausência no Parlamento.

Em presença das declarações do Sr. Presidente do Ministério, eu concordo com o adiamento.

Permita a Câmara que responda agora ao Sr. Pedro Pita, apreciando as suas

Diário da Câmara do» Deputado»

considerações e tirando delas as devidas ilações.

Ó Sr. Pedro Pita veio recordar à Câmara as considerações que fiz em 1914, e disso S. Ex.a que eu não tinha autoridade para tomar, em frente deste Governo, atitude diferente da que tinha tomado em presença do Governo que estava nessa ocasião, e S. Ex.a foi tam amável que, sondo jurisconsulto distinto, se queria confessar meu discípulo nas afirmações que então apresentei, e que, no dizer de S. Ex.a, todos os filiados neste partido deveriam também aprender como discípulos.

No Partido Popular não há mestres, nem discípulos, há só companheiros.

Ouvi a leitura que S. Ex.a fez e confesso que estou convencido de que procedi bem em 1913 como entendo que procedi bem hoje.

^0 Governo de então, do Sr. Afonso Costa, pode considerar-se em igual situação ao de hoje? Não pode.

Estava-se em -presença de um Governo que tinha praticado actos que tinham levantado contra ele grande oposição, e contra ele era a opinião pública, e hoje estamos em frente de um Governo que não tem ainda nenhum acto que se possa comentar.

Eu admito que se não quisesse dar o adiamento se ele tivesse já praticado actos que levantassem contra ele a opinião, mas que acusações se podem fazer a este Governo em que se tem reconhecido existir homens de competência, e dos quais se disse, apenas, que-um ou outro estava deslocado na sua pasta?

Realmente não vejo quais .as razões nesta sanha para substituir este Governo por outro.

Disse o Sr. Pedro Pita que a situação é a mesma.-

Não é assim. Em 1913 era um conflito do Poder Executivo com o Senado, e hoje é um. conflito entre as duas Câmaras; a questão é completamente diferente.

Em 1913 era o Senado qiie estava pedindo ao Poder Executivo que fosse àquela casa do Parlamento, hoje é o Senado que não qnere lá o Governo. Esta situação de hoje não é nada parecida com a de 1913. Evidentemente que não é.