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amigo, pois discordo absolutamente da sua política. (Apoiados}.

Sr. Presidente: o Sr. António Granjo mandou para a mesa, na apresentação do Ministério António Maria da Silva, uma moção, que, francamente, até me admira que a mão de S. Ex.a a pudesse enviar para a Mesa.

O Sr. António Granjo, como toda a Câmara, tem de reconhecer que o Governo do Sr. António Maria da Silva era um Ministério que merecia a confiança de todos os republicanos. (Apoiados).

Merecia tanto a confiança daqueles que se bateram nas barricadas do 5 de Outubro, como daqueles que se bateram, através do dezembrismo. Merecia ainda a confiança da Associação Comercial e de várias associações industriais; mas ele não podia, de maneira nenhuma, nem necessitava disso, merecer a confiança da Juventude Católica nem a confiança da Juventude Monárquica, desprezando até o apoio de qualquer oondestável de barro com espada de latão.

E bom que as cousas se esclareçam, e que o Sr. António Granjo/ todas as vezes que quiser ocupar o lugar de Presidente de Ministério — embora tenha, é certo, valor para isso— procure outra forma de deitar o GoA7êrno abaixo, quando este tiver lá figuras de alto relevo republicano.

O Sr. António Granjo, no seu ataque furioso ao GovOrno António Maria da da Silva, chegou a ponderar que era estranho que o Sr.. Fernando Brodorodc fosse para Ministro da Marinha, porque lhe faltava a competência técnica para esse cargo, mas eu vejo que o actual titular dessa pasta, tarn ilustre corno o Sr. Breclerodo, tem a mesma especialização em assuntos de marinha.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro da Agricultura e, interino, do Interior

(António Granjo) (interrompendo): — É já a vigésima vez que eu aqui digo, esclarecendo o que afirmei então, que quis dizer simplesmente que, tendo o Sr. Brede-rode competência especial para ocupar outras pastas, estranho era que o designassem para a da Marinha, onde S. Ex.a não tinha urna especialização técnica. Não disse, todavia, que S. Ex.a era incompetente para Ministro da Marinha.

• Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Cunha Liai (aparte): — É deveras-curioso que o Sr. António Granjo, ilustre Presidente do Ministério, queira- dar a entender que o Sr. Eicardo Pais Gomes não tinha competência para outra-pasta !

O Sr. Presidente do Ministério. Ministro da Agricultura e, interino, do Interior

(António Granjo): — Não admito a nin-guôm quo tire conclusões habilidosas das-minhas p alturas. O actual Sr. Ministro da Marinha tem competência para ocupar qualquer outra pasta, como o Sr. Bredo-rodo a tinha também.

O Orador:—Não sabia eu, ê confessa a minha ignorância, que estudos tinha feito o ilustre Presidente do Ministério para sobraçar a pasta da Agricultura. Além disso, tendo saído da pasla cia Instrução o reitor duma Universidade, aparece-mo agora—e isto não envolve a mínima desconsideração para ninguém — para o exercício dessa pasta, um professor duma escola do recrulas (Risos).

Fica mais uma vez demonstrado que no nosso país toda a, gonto se sento habilitada para sor Ministro o para ser Presidente do Ministério. Simplesmente nos últimos tempos tem havido •uma escolha de Ministros que mo faz lembrar as tômbolas dos arraiais da província, onde estão indicados vários bichos o onde a palheta, quando pára a roda, diz o nome do respectivo bicho. Assim também os Ministros são escolhidos h sorte, sem se atender a que eles tenham ou não competência e preparação para o desempenho do seu mester. Há muitos mesmo quo são mandados para o Ministério com guias.

Sr. Presidente: eu recordo-me de que quando o Sr. António Maria da Silva só apresentou ao Parlamento, mesmo antes do seu Ministério ter dado provas dos trabalhos que podia executar, o Sr. António Granjo, reconhecendo nesse Governo um doente já na agonio, lembrou-se logo de lhe passar a certidão de óbito; mas o que se vê é que o doente melhorou, vive e estará aqui amanhfl para apreciar a doença do Sr. António Granjo.