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Sessão de '21 de Julho de 19±0

Depois de Monsanto. S. Ex.a pôs de tal maneira a sua ambição polílica acima de tudo aquilo a quo o obrigava o seu belo passado, que mesmo nesta Câmara combateu todos aqueles projectos e propostas que, sondo republicana &, não agradaram à clientela monárquica do seu partido.

O Sr. Dr. António Granjo, quando Ministro da Justiça do Gabinete Domingos Pereira, foi o autor do chamado decreto de afastamento dos funcionários públicos que sejam monárquicos e só porque o são.

E assim quo o Sr. António Granjo, esquecendo o seu passíidb. veio combater e atacai' o projecto das indemnizações", não se compreende que esteja no Ministério conjuntamento coai o Sr. Lopes Cardoso que então o defendia.

S. Ex.a que foi um grande intervencionista e, como há pouco disso, heroicamente combateu na Flandres. não hesitou em fazer unir o glorioso Partido Evolu-cionisía ao Partido Unionista, que combateu a intervenção de Portugal na guerra e unir-se ao Partido Contrista que foz Sidó-nio Pais.

Só assim se explica que, tendo esta atitude o Sr. António Grau j o, através da sua vida política, S. Ex.a cuja alma é sempre animada de grande fogo republicano e patriótico, quando da apresentação do Governo do Sr. António Maria da Silva, haja feito o ataque que fez.

Longos dias se arrastou a crise a que deu lugar a< queda do Gabinete António Maria da Silva, e o que se vi n foi o Sr. Dr. António 'Granjo procuríir sistematicamente afastar todos os encarregados de organizar Ministério inclusive o Sr. General Abel Hipólito, para chegar ao seu objectivo : à presidência do Ministério.

Confessemos quo é honiom do energia e tenacidade que sabe querer.

Encarregado pelo Chefe do Estado de organizar Ministério, não' hesitou S. Ex.a

Eram precisos apenas onze homens quo quisessem fazer o sacrifício de salvar a Pátria.

Havia bastantes. _

Não ora só o Sr. Dr. Domingos Pereira qae se sacrificava pela Pátria : há mais sacrificados.

Começou S. Ex.a por pedir o apoio duro partido contra o qual organizou o Partido Liberal.

Concederam ao Sr. António Granjo, dois Ministros por muito favor.

Ainda ontem o Sr. António Granjo não tinha o sou Ministério completo, e hoje mesmo aparece aqui com a interinidade da pasta do Interior, numa hora em que essa pasta assume grande importância.

Ainda ontem, S. Ex.a não tinha Ministro da Instrução.

Não só importou com isso : encontrou um grande salvador desconhecido, um grande pedagogo cuja existência toda a gente ignorava: ó uni Sr. Oficial que se senta naquela cadeira da instrução.

Apresenta-se fardado de oficial do exército, o que acho extranhável.

Um Ministro da Guerra ou Marinha está bem fardado; entrar no Parlamento, fardado outro Ministro, não compreendo, repugna-me. jl^wx ^rl

Foi assim que se constituiu o Ministério da presidência do Sr. Dr. António Granjo.

Quanto à declaração ministerial de S. Ex.a. . . '

Sussurro.

O Orador:—Peço a V. Ex.a, Sr. Presidente, o favor de pedir um pouco de serenidade à Câmara.

O Sr. Presidente:—Peço à Câmara atenção.

O Orador:—Estranho que o Sr. Dr. António Granjo, quando fosse da apresentação do Governo do Sr. António Maria da Silva, notasse que na declaração ministerial se estabelecesse o princípio, reputado por S. Ex.a dispensável, da «manutenção rigorosa da ordem pública» e quo na sua declaração ministerial se leia que — cousa extraordinária — se «reduzirão ao indispensável as despesas públicas».

Este princípio é uma repetição daquele outro que vem na declaração ministerial do Sr. Dr. Fernandes Costa: «arrecadar os impostos» o