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Sessão de 27 de Julho de 1920

dio, que é muito para ponderar e que pode atacar a região alentejana.

Já que estou com a palavra, pregunto ao Sr. 'Ministro da Agricultura se já encarou a questão dos adubos.

Nós dizemos por toda a parte que é necessário aumentar a produção, e muita gente fica contente por se dizer isso,, mas o que ó necessário é dizer como isso se pode fazer.

Os preços a que estão subindo os adubos chegam a 210$ a tonelada, e eu pregunto se as nossas condições económicas suportam esses preços e se da parte dos poderes públicos se podo consentir este estado d3 cousas.

"È possível que o Estado tenha perdido para cima de 30:000 contos com a im-portação dos trigos exóticos, e não sabemos o que perderá este ano e se a poderemos fazer, apesar de termos muito papel.

Assim, eu digo que é necessário S. Ex.a encarar o problema dos adubos, e eu pregunto se está na resolução de para eles estabelecer uma tabela que seja consentânea coni os interesses de toda a gente, e quo ponha fim a esta especulação de preços dos adubos.

O problema das subsistÔnciaS está-se agravando dia a dia, e eu a esse propósito desejo chamar a atenção de S. Ex.a para um assunto grave que com ele se prende.

E o problema do carvão.

Lisboa está sem carvão, e não o haverá porque eu sei que os lavradores que tinham enfornado esse combustível não querem fazer carvão porque estão vendendo a lenha a preços espantosos, sendo, pois, necessário atender a esse problema.

Pregunto, pois. se S. Ex.a deve manter o preço actual do carvão, e quais as ideas que tem sobre o assunto. 'Tenho dito.

O orador não reviu,

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da agricultura (António Granjo): — Sr. Presidente: em primeiro lugar agradeço as pala-vras que me dirigiu o Sr. Júlio Martins, meu velho e querido amigo, aquele que de entre os políticos está mais proso ao meu coração porque, desde crianças, vivemos juntos e nos conhecemos profundamente.

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Escuso de dizer que; sejam quais forem as circunstâncias políticas, nunca a sua figura se apagará do meu coração, & na minha alma não haverá nenhum re-sentirnento que possa abalar a minha amizade.

E até interessante que tais palavras se troquem entre dois adversários políticosr quando os mal intencionados malévola-mente espalham que nós, os republicanos, só sabemos cultivar o ódio.

• Ditas estas palavras, que a minha consciência de republicano e de amigo não permitiram calar, eu vou responder, no .curto espaço de tempo de que posso-'dispor, às preguntas concretas que me acaba do dirigir o ilustre Deputado Sr. Júlio Martins.

Relativamente à questão do pão, devo dizer a S. Ex.a que não sei se respeitarei integralmente — creio que não — o decreto promulgado pelo ilustre Ministro da Agricultura do Governo transacto,, o Sr. João Gonçalves. Porventura ver-me hei forçado a introduzir-lhe algumas modificações, modificações que 'talvez estivessem mesmo no espírito do legislador. O que, porém, terei de respeitar será o preço estabelecido por esse decreto. Estamos em presença dum facto .consumado ; S. Ex.a o disse e, de facto, assim é realmente.

No emtanto esse decreto não revoga as faculdades concedidas ao Poder Executivo por leis anteriores, nem tain pouco faz cessar as penalidades estabelecidas que são impostas aos lavradores que aumentem os preços da tabela, ou àqueles que disponham do trigo, sem prévia autorização do Governo. E o Governo está absolutamente resolvido a valer-so desses meios e a fazer impor essas penalidades, sempre que os lavradores saiam fora das prescrições da lei.

O preço de $36, agora em vigor, foi estabelecido de acordo com os lavradores,-havendo, por isso, da sua parte, não-só a obrigação legal, mas ainda, o principalmente, a obrigação moral de o respeitarem. (Muitos apoiados).