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Diário da Câmara dos

da lavoura do País. Não quis olhar ao lavrador cni especial, mas ao ressurgimento agrícola de Portuga], e assim, foi que eu tenho na Câmara algumas propostas, como o. aproveitamento dos baldios, a utilização dos terrenos impropriamente chamados incultos e a opção da compra de propriedades no sul. Teria ainda apresentado muitos outros projectos ao Parlamento só não tivesse sido posto— e muito bem — fora do Ministério. E se não tenho, depois disso, apresentado outras medidas ó para que ninguém veja em mini o mais pequeno' despeito pelo Governo actual, de cuja .pasta da Agricultura aguardo importantes medidas.

Não se tem cuidado da questão das carnes, que é tam digna de atenção como a dos trigos. Estamos cui vésperas, se não forem tomadas providências urgentes, de em poucos anos termos um déficit extraordinário na carne de porco, porque os nossos montados estão atacados por uma doença — o burgo — que tem progredido do ano para ano, causando enormes prejuízos.

Há anos que a Associação Central do Agricultura ofereceu ura prémio àquele agrónomo ~que fosse capaz de descobrir o tratamento do burgo, e tendo vindo a Portugal- um especialista italiano, nada adiantou ao que já estava feito. i. Um dos meu» primeiros actos foi nomear uma comissão, com grande prazer dos lavradores alentcjanos, para combater o burgo. Essa comissão, porém, só conseguiu reunir alguns- dos seus membros, depois do Ministro da Agricultura ter lavrado uni despacho censurando ês-sos funcionário.".

Eu desejava trazer ao Parlamento uma proposta para estabelecer postos de estudo sobre o burgo, e um projecto criando a vacina do gado suíno em todas, as intendências pecuárias. Tencionava ainda trazer outras propostas à Câmara, como a aplicação de máquinas à lavoura.

O que não resta dúvida é que procurei dar à lavoura todos aqueles benefícios que mereceram á inteira aprovação dos homens como Palha Blanco, que ó dos raros lavradores portugueses que, cheio do sinceridade e patriotismo, está sempre disposto -a colaborar com os Governos, pondo acima dos seus interesses particu* íarcs os interesses do País. (Apoiados).

Sr. Presidente: quando eu entrei para o Ministério da Agricultura, sabem a Câmara e o País a hora difícil que a nacionalidade atravessava. Não era fácil constituir um Governo, e à última hora chamaram-se doze homens, que tomaram o encargo de dirigir a Nação, contando só comsigo.

Nesse momento não sabíamos sequer se podíamos contar com a força armada. Tínhamos a revolução social dentro de Portugal. ' .

Nessa hora era interessante ver o meu gabinete, desde as 8 horas de um dia até as 5 ou 6 horas da madrugada seguinte. O meu gabinete ertava sempre cheio de gente, que me dizia: «A sua pasta é a única onde está realmente a salvação do País». E eu, pausadamente, com toda a tranquilidade, pensava na maneira do resolver a magna questão das subsistên-cias.

Tínhamos chegado a ôste estado de cousas, porque a alta dos preços foi exagerada, porque, numa hora infeliz, um Ministro da República, o Sr. Lima Alves, iludido pelo canto da sereia e com belas intenções de querer acertar, decretou a liberdade de comércio dalguns produtos, como o azeite.

A colheita do azeito tinha sido abundante, assim como a anterior.

Os Governos vêem-se manietados porque não têm dinheiro. A razão única da crise das subsistôncias é a questão financeira.

Daqui afirmo ao Sr. Ministro da Agricultura que, emquanto S. Ex.a não resolver a questão financeira, não resolve á questão económica. (Apoiados).

Eu tive nas minhas mãos negócios do arroz, de bacalhau e outros produtos, e não os pôde realizar por falta" de dinheiro.

É preciso que isto se diga ao País, visto que todos temos de dizer a verdade.

O Sr. Ministro das Finanças muitas vezes me pediu, quási de mãos postas, que não fizesse esses negócios porque não havia dinheiro que demorasse 24 horas, 8 ou 15 dias.