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porque se muitos eram republicanos, muitos outros o não eram.

Infelizmente os factos vieram confirmar as minhas palavras.

Alguns juizes dos tribunais especiais têm levantado todas as dificuldades para pôr entraves à execução dessa lei, de forma tal que alguns dos processos estão para-' dos, porque esses juizes dizem que nas férias judiciais não trabalharão. Isto traz um prejuízo enorme para esses desgraçados que estão na miséria a espera de que lhes paguem um pouco do muito que lhes tiraram. Para obviar a estes incovenientes mando para a Mesa um projecto de lei, muito pequeno, apenas interpretador dessa lei, para o qual peço urgência e dispensa do Regimento.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel Fragoso: — Numa cousa, pelo menos, LIOS, os portugueses, nos parecemos uns com os outros: ou esbanjamos à larga, e prodigamente, os fracos recursos de que podemos dispor, sem cuidar do dia de amanhã, ou entramos pelas fronteiras duma desmascarada sovi-nice que redunda, quási sempre, numa girando!* de estravagantes exageros.

O caso que me proponho tratar está incurso num dos artigos desta lei fatal e portuguesíssima, e para ele chamo a atenção de S. Ex.:i o Sr. Ministro do Comércio, em cujos dotes de reconhecida inteligência, e de acertado bom senso, inteiramente conlio.

Durante o período tormentoso da grande guerra ninguém se lembrou em Portugal das regras de previdente economia que urgentemente se impunham. Fomos inconscientemente pródigos, sem conta, peso ou medida.

Um pouco como a cigarra da fábula, cantámos durante o verão da guerra, gastando à larga todo o carvão de que podíamos dispor; até que ultimamente, num dos tais rasgos de exagero a que já me referi, foi publicado o decreto da luz, que exactamente por ser da luz, nos deixou a todos às escuras.

Sr. Presidente: a meu ver a a-plicaçao das disposições desse decreto trouxe graves o muitos inconvenientes, som que só tivessem produzido aqueles resultados vantajosos que eram de esperar. .H)u faço justiça às boas intenções que presidiram

Diário da Câmara do§ Deputadas

à redacção daquele decreto, e estou convencido de que o Sr. Ministro do Comércio de então, o meu amigo Sr. Lúcio de Azevedo, ao redigi-lo, teve a preocupação de economizar tanto quanto possível o carvão que DOS estava fazendo muita falta e custando quantias fabulosas, mas o que é certo é que os resultados não corresponderam, de forma alguma, a essas intenções.

| E o exagero é tal, de tal forma só apartou a sua aplicação, que à meia noite, com os estabelecimentos todos encerrados, não há om Lisboa onde se possa beber um simples copo do água!

Os viajantes que a Lisboa chegam depois da meia noite (meia noite que, diga--se de passagem, ta.m Bera é que não passa das 22 e meia horas, tom do recolher aos hotéis sem o conforto de qualquer pequena alimentação. Quem sai dos teatros, ou das suas ocupações nocturnas, igualmente têm de prescindir duma ceia a que °só alguns priveligiados podem aspirar, j Os jornalistas, e duma maneira geral todos os trabalhadores da imprensa, esses então têm de sujeitar-se ao pesado sacrifício de trabalhar em jejum, durante horas e horas da noite!

São, pois, como V. Ex.a vê, muitos os inconvenientes que resultam desse decreto, sem que no emtanto se vejam os seus benefícios. O prejudicado, pois, neste caso, como em tantos outros, ó ainda o público de Lisboa; e eu já não sei como ele consegue ainda levar a cruz do seu pesado martírio, martírio que já de si,é grande, e que muitos teimam em tornar ainda maior.

Estou certo de que o Sr. Ministro do Comércio ouviu com atenção as minhas palavras e irá providenciar de forma a obviar a estos inconvenientes, e muito principalmente àqueles que provêm da aplicação rigorosa do último artigo do decreto a que me tinha referido.

Tenho dito.

O Sr. Ministro do Comércio (Velhinho Correia): — Ouvi com toda a atenção as considerações do Sr. Manuel Fragoso, e respondendo a S. Ex.a tenho °a dizer o seguinte: