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O Sr. António Maria da Silva (interrompendo):—&&Q é verdade! Já o provei ontem.

O Orador: — O Sr. Cunha Liai disse que o crédito era ilimitado, não ostaudo orçada a verba. Dando como boa tal doutrina e interpretação, lembrarei que as diferenças cambiais são de molde a não se poder dizer nesta altura do ano e em face das circunstâncias cada vez mais graves, no tocante às subsistências a quanto subirá essa verba, que não poderá deixar de sor avultada.

Evidentemente, necessitaremos duma verba maior para acudir às necessidades das subsistências.

Disse hoje o Sr. Cunha Liai que o crédito devia ser limitado ao déficit das subsistências do pais. Repito, e faço-me forte nas palavras "de S. Ex.a, que não ó possível fixá-la porque não há estatísticas.

Não há meio de precisar qual o déficit das subsistências do país, mas posso dizer que só em relação ao trigo, segundo o cálculo feito no Ministério, são indispensáveis duzentos milhões de quilogramas para cobrir o déficit de trigo no país, isto sem contar com o déficit de milho e de outras subsistências necessárias ao consumo nacional.

E a seguir o critério de S. Ex.a, avaliando-se o preço do trigo favoravelmente, será necessário, polo menos, ao Governo, para comprar o trigo indispensável ao nosso déficit, 80:000 contos.

Porém já disse ontem o que tenho a dizer hoje. É intenção do Governo fazer uma política do pão, de modo a acabar com o déficit de 50:000 contos que o Estado teve.

Continuando a mesma política, para b ano o déficit seria de 80:000 contos.

Se o Governo pudor dispor de dinheiro para comprar essa quantidade de trigo, poderá fazer uma política de pão em que o Estado não perca.

Se dispuser de dinheiro, o Estado poderá comprar o trigo necessário para um tempo indeterminado, mas salta, evidentemente, à vista de todos que, se o Estíido não quiser perder dinheiro, terá de alterar continuamente o preço do pão.

Não digo que essa política seja boa ou má, mas as circunstâncias de facto são

Diário da Câmara dos Deputados

estas. Este Governo, ou qualquer outro que lhe suceder, necessariamente, se quiser fazer uma política do pão, de modo a evitar as perdas que o Estado tom sofrido, terá de elevar o preço do pão, que mudará continuamente, conforme os créditos.

Não sou homem de habilidades e tanto o não sou, que trouxe à Câmara uma proposta de créditos ilimitados, para o Governo assumir as responsabilizados completas da situação.

Repito: o Governo administrará dentro da verba que for fixada pelo Parlamento, porque é esse o seu dever.

A propósito duma passagem do discurso do Sr. António Maria da Silva, devo lembrar à Câmara que o Governo já aqui declarou, quando interrogado pelo Sr. Augusto Dias da Silva sobre se, a par da política da alta dos preços, o Governo faria a política da alta dos salários, que seguirá a política da alta de preços, absolutamente indispensável, em relação apenas a certos géneros, e foi especificado o pão.

Quanto a arroz, por exemplo, poderá seguir-se a política de p roço abni^o da tabela actual. E, relativamente ao pão, eu disse que adoptaria uma política que permitisse ao Estado economizar uns 50 mil contos, despendidos actualmente só em favor dos comerciantes, dos industriais e dos agricultores.

O Governo encarava sem receio a repercussão da alta de salários, porque era justo que se elevassem aqueles, desde que se aumentavam os preços de determinados géneros. E não se diga que isto não tem limite.

Tem limite. O limite está no campo. Só por esse se encontrará a solução lógica e natural do problema.

Sr. Presidente: se há explicações claras sobre o que seja a política do Govôrno sobre subsistências, são estas.

Vários problemas, que são importantes, exigem solução urgente e imediata.