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Sessão de 17 de Agosto de 1920

O Sr. João Camoesas: — O principal mal de ter falhado a experiência do Sr. Machado Santos foi de não se saber fabricar o pão.

Uma voz: — O que era necessário, em primeiro lugar, era ensinar o povo a comer.

O Orador:—Nós em França consegui-mos? ensinar o soldado a comer. Apartes.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura (Anrónio Granjo) : — Eu já disse e não quero insistir mais neste ponto. '

O Estado não está possuidor, nesta hora, dos meios indispensáveis de resistência.

Uma voz: — As cozeduras de pão de milho exigem certos requisitos e certos hábitos que os padeiros de Lisboa não conhecem.

O Sr. António Maria da Silva: — A maior parte dos padeiros de Lisboa são de regiões onde se sabe fazer o pão de milho, não ignorando, portanto, o seu fabrico.

O Orador:—Agradeço as interrupções dos meus ilustres colegas, porque esclareceram a discussão.

O Sr. Presidente do Ministério, que conhece o assunto, dispensa-me, decerto, de e.u ler os números que se referem à importação de cereais feita desde 1890 até o ano passado.

Acho que S. Ex.a deve prestar absoluta atenção a esses números. v S. Ex.a, que se declarou já partidário da restrição, ,veria decerto que sem um excesso de sacrifício não poderá, talvez, chegar a restringir a importação do trigo que devemos fazer e eu quero dizer a S. Ex.a quo não imagine que é sonho da minha parte, porque há muito tempo, quando este assunto se começou a debater, eu, procurando estudar a questão, vi que era preciso, autos de mais nada, fazer um movimento de carácter nacional, para se chegar ao ponto da restrição.

Se S, Ex»a o Sr. Presidente do Ministério quiser dar-se ao trabalho de ler o projecto de lei qu© mandei para a Mesa

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em 14 de Maio, verá que eu tenho a preocupação de ligar todas as forças do pais, vivas ou mortas, a fim de se alcançar este objectivo nacional.

Sou partidário da restrição e o Sr. Presidente do Ministério deve saber muito bem que na França já depois da guerra, se tem preconizado este princípio.

Mantenho, por isso, o meu ponto de vista, entendendo que o Sr. Presidente do Ministério tinha elementos para nos dizer aproximadamente os créditos de que necessita.

Interrupção do Sr. Presidente do Ministério.

O Orador : — Sr. Presidente: não quero alongar mais as minhas considerações, \\\ç> vou terminar por agora, e espero que o Sr. Presidente do Ministério, colocando a questão no ponto do vista indispensável, apresentará à Câmara números concretos do crédito de que precisa.

O Sr. António Maria da Silva: — Sr. Presidente: na discussão desta proposta de lei têm sido apresentados à Câmara alguns números, que, sem dúvida, elucidam um pouco mais a questão.

Sr. Presidente: parece que as minhas palavras não foram compreendidas ou não só lhes deu o sentido que elas comportavam, o que me obriga a vir explicá-las melhor.

Eu disse, e é uma verdade incontestável, que jamais se votaram créditos ilimitados nesta Câmara, porquanto tal facto é representativo dum completo desrespeito pela contabilidade pública, além de ser um critério pouco próprio duma assem-blea que tem obrigação de votar com consciência, cumprindo à risca os seus deveres.

Disse isto duma forma clara e oerem-ptôria e continuo a afirmá-lo, sem receio de qualquer contestação.

Ontem declarei, de facto, que tinha sido como a pescada — no termo pitoresco dos jornalistas — mas o Sr. Presidente do Ministério não soube ou não quis interpretar a frase conforme e sentido que eu lhe dei.