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Diário da Câmara dos Deputados

um homem que soube cumprir os seus deveres. Não' quero outra paga, mas essa hei-de tê-la, porque tenho a energia bastante para a merecer, através de todas as dificuldades.

Referiu-se por fim o Sr. Júlio Martins ao problema do azeite, problema que é um dos mais interessantes —deixemos passar a palavra— que existem na economia nacional.

Eu sei que o Sr. Júlio Martins tem sobre este assunto conhecimentos completos, e por isso suponho que S. Ex.a deve ter a impressão de que ele é, senão- impossível, pelo menos difícil de resolver. Noutros países procura-se resolver o problema com o emprego de sucedâneos, mas por preços superiores àquele que estava estabelecido para o azeite, ainda há pouco, antes da greve.

Por minha parte tenho feito todos 'os esforços por resolver o problema, especialmente de acordo.com a Câmara Municipal, à qual estou disposto a adiantar o dinheiro suficiente para se fazer alguma cousa de proveitoso.

E êsle um dos assuntos que mais me têm preocupado e que me levaram a elaborar um decreto, que certamente, já V. Ex.as conhecem por intermédio da imprensa, e que tem por fim obrigar os coloniais a enviar para o Continente, exactamente como se faz relativamente ao açúcar, uma determinada quantidade de oleaginosas, para conseguir a sua adaptação em Portugal ao consumo público. Este caso já foi até tratado com os altos comissários' de Angola e Moçambique, respectivamente osJ3rs. Norton de Matos e Brito Camacho. Esse decreto seria também aplicado a Portugal, e, assim, evi* tando-se uma discussão prolongada e porventura inconveniente, se obteria uma tal ou qual compensação ao aumento de de-fícit proveniente do aumento de vencimentos concedidos aos funcionários públicos.

Disse mais o Sr. Júlio Martins que, se houver assaltos, o único responsável sçrá o Governo...

O Sr. Júlio Martins: — Sabe-se que em Portugal existia mais do que o suficiente para o consumo do público no que diz respeito a azeite. Toda a gente o sabia, a não ser as estações oficiais, que nestas questões são sempre duma ignorância

pasmosa. Sabia-se, também, onde esse azeite estava...

O Orador: — <_:_ p='p' sabia-o='sabia-o' v.='v.' ex.a='ex.a'>

O Sr. Júlio Martins: — Sabia, sim, senhor, mas não sou policia.

De resto, V. Ex.a tinha no seu Ministério comissões especiíiis que muito beni o podiam elucidar, se quisessem. Esse azeite encontrava-se assambarcado, à espera que aparecesse um Ministro da Agricultura que decretasse a liberdade do comércio para poder ser vendido a altos preços, o que certamente havia de ocasionar perturbações e, porventura, assaltos. V. Ex.a foi o Ministro da Agricultura ambicionado e decretou a liberdade do comércio; se essas perturbações se verificarem, se esses assaltos se derem, V. Ex.:i é., em parte, um dos mais culpados»

O Orador: — Como V. Ex.a vê, Sr. Presidente, até sou culpado dos assaltos que já se realizaram e dos que porventura ainda venham a realizar-se !

O Sr. Júlio Martins :—Não queira V. Ex.a tirar das minhas palavras efeitos. que eu não lhes quis dar. O que en disse é que as medidas de V. Ex.a conduzem à realização desses actos, e que V; Ex.a, porque as tomou, não terá depois autoridade para exercer quaisquer saacções penais ou legais. •

O Orador: — Sr. Presidente: TIO sentido em que o Sr. Júlio Martins o disse, eu sou o culpado dos assaltos que se darão.