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Sessão de 18 de Outubro de 1920

Se reincidimos no hábito de proferir palavras que não têm por fim excitar as massas ignaras, mas cujo resultado é o mesmo, muito mal vamos! Acusaram-me a irim, Presidente do Governo, do proferir palavras impensadas, imprudentes.

Não sou eu quem tirará aos outros o direito de fazer a crítica às minhas palavras, mesmo que essa crítica seja exagerada, mas, quando tenho a previsão de qne uma frase inconsiderada pode produzir consequência funestas, a mini, Governo, cabe-me o direito, cumpre me mesmo o dever de me levantar para dizer que um homem público não pode aqui proferir tais frases. (Apoiados).

Sói bem que há azeite depositado em Setúbal, em Espinho, no Algarve, etc.

Simplesmente não ignoro também que esse azeito é destinado ao fabrico de conservas e que esta indústria mantêm e sustenta uma'grande massa de operários qne

Creio, Sr. Presidente, ter demonstrado, se não a completa eficácia dás medidas do Governo — e seria loucura a,lguem supor que tinha no bolso o elixir capaz de resolver tantas e tam grandes dificuldades — pelo menos que, sem alarde, sem violências contraproducentes, se tem estabelecido uni método no sentido de resolver a crise das subsistências, quer sob o ponto de vista de medidas ocasionais, quer sob o ponto de vista de um largo plano de fomento nacional.

En já disse, numa entrevista, qne o problema só pode resolver-se capazmente daqui a dois anos pelo menos.

Só um bem concluído e executado plano de fomento nacional poderá trazer a intensificação da cultura cerealífera, de forma a bastar-nos, senão para todo o ano, pelo menos para oito a nove meses, na próxima colheita. Angola deve dar-nos o que faltar. E não necessitaremos de ir ao estrangeiro buscar trigos, o que nos leva milhões de libras por ano. Se até «ssa altura conseguirmos o regime contratual, que permita a obtenção de coreal

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\ com a menor despesa possível de cam-1 bi&is, o Governo praticará um acto meri-1 tório, (jue nem todos agradecerão, mas ' que em todo o caso se fixará na consciên-i cia pública, como um acto de Governo. • Tenho dito.

Vezes:—Muito bem.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revis-i tas, as notas tagiágráficas que lhe foram ' enviadas.

Os apartes do Sr. Júlio Martins não foi-am revistos por S. E,x.a

O Sr. Júlio Martins: — Sr. Presidente: eu não usaria agora da palavra, se o Sr. Presidente do Governo não tivesse querido, na última parte do seu discurso, interpretar de maneira diversa às minhas intenções as considerações que formulei, há pouco, no discurso que proferi perante a Câmara.

Eu não disse que achava justos os assaltos fossem feitos por quem fossem. Não! vSr. Presidente. Não queira o Sr. Presidente do Ministério tirar das afirmações que faço urna significação diversa daquela que elas traduzem.

O que eu disse foi que S. Ex.a, pela sua política de abastecimentos, podo lnvar e está levando o Pais a uma situação de gravidade excepcional e que o Sr. Presidente do Ministério ia oferecer uma base moral às classes menos abastadas, quando elas se laYiçassem em assaltos que por lei são proibidos. Se outra cousa ou quisesse dizer, diria, porque não me faltam coragem e autoridade para dizer o qne penso.

Eu disse que à sombra do decreto dos azeites se fizeram grandes fortunas. Disse que havia uma base moral de revolta no povo, quando do Governo saíam medidas que permitiam, a quem tinha adquirido o azeite a 11$, fazer a venda desse produto, no mercado, a 40$ e a 50$, preço incomportável à bolsa de queni trabalha. Isto não é incitar à indisciplina nem ao assalto. O Governo é que pelos seus actos cria em Portugal um ambiente que poderá ocasionar uma grande derrocada.