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àesHÕ.0 de 19 de Outubro de Í920

ao Governo? Falem então com a aquela franqueza coai que se deve falar ao país.

Apartes.

O Governo não fez perseguições a ninguém, foi um Govôrno de absoluta tolerância para com ideas e para com pessoas. Felicito-me, porque ainda há poucos dias um Deputado democrático, entrando no meu gabinete, me disse, com certa alegria, que tinha do reconhecer que o Govôrno havia exercido uma acção profundamente democrática e republicana. O Governo não se preocupou senão em viver com a opinião republicana e com o bem-estar do país.

De facto nenhum dos membros do Governo tem a pretensão, que seria idiota, de ter realizado a verdade perfeita, como disse o Sr, Álvaro de Castro.

O Governo não praticou acto algum do ditadura, e apesar das tremendas dificuldades, digo-o nesta hora, que talvez propositadamente se levantaram, o Governo depois do encerramento do Parlamento, e através, repito, das mais tremendas dificuldades, não praticou o mais insignificante acto de ditadura. Viveu dentro da legalidade e com recursos legais.

Sr. Presidente: o Sr. Cunha Liai referiu-se a uma velha e conhecida frase de Shakspeare, em que uma certa personagem diz: «Nem toda a água do mar poderá lavar as suas mãos».

Sr. Presidente: as nações, sobretudo neste momento, precisam de estar fortemente organizadas para resolverem os seus problemas internos, para se imporem à consideração do estrangeiro, e para não serem objecto de cubicas criminosas dos seus inimigos. Isto é verdade não só em relação a Portugal, como a todas as nações do mundo, e é talvez mais verdade do que nunca.

Sr. Presidente: a história dirá de que mãos criminosas as águas do mar terão de lavar o sangue; a história dirá quem são os traidores.

O Govôrno não traiu a f ó republicana que o anima, nem o bem da Nação, e ó com sacrifícios que ôle tem procurado realizar a sua missão de forma a merecer o respeito e consideração de todos.

Eis porque eu digo, Sr. Presidente, que os actos do Governo não podem ser apodados de traição, nem a eles se podo aplicar a frase do Sr. Cunha Ljal. Se há al-

guém a quorn se aplique, a história o dirá mais tarde. Ao Govôrno, nuo! (Apoiados).

Assim, Sr. Presidenta, nào tenho de obedecer à iníimativa solene do Sr. António Maria da Silva, dizendo ao GovOr-no: «fique, o se não quiser ficar vá-se embora». Aparte o pitoresco da linguagem, eu devo dizer que nenhum Govôrno podo governar sem os elementos que a Constituição lho faculta para o exercício da sua missão: som a confiança do Parlamento.

O Sr. António Maria Silva: — V". Ex.a dá-me licença?

Pode V. Ex.a classificar de pitoresca a minha frase, mas deve interpretá-la tal como ela ó. Quando disse: «o Govôrno fica», o mesmo era que dizer que entendia quo o Governo devia ficar; e quando disse: «mas só não quiser ficar que se vá embora», queria salientar que procedendo assim, o Governo ficava, só ele, com a responsabilidade desse acto.

O Orador: — Não quero alongar-me em considerações, mas quero frisar duma forma clara e perfeita o meu pensamento nesta hora.

Ia eu dizendo quo só se pode governar com elementos de Governo, e quando um Governo constitucional não tem esses elementos, entendo que deve dar o lugar a um Governo que os tenha. A linguagem, também um pouco pitoresca, é demasiadamente simples, mas é verdadeira.

Este Govôrno, satisfazt-ndo às necessidades do momento, constituíu-se com elementos de governar, mais que suficientes para o desempenho da sua missão. Falta-lhe, porôm, agora, o apoio do Partido Republicano Português, e eu entendo que esse apoio ó essencial para a sua vida. i E nossa resolução só eu posso ser o-árbitro !