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ciamos ligeiramente na Brasileira e no MartinJto, que são exactamente as nossas academias de questões sociais, o facto não se compreende e. então, vá de esmagar as classes trabalhadoras e de bramar: «j Pouca, vergonha! Dizem que têm fome, dizem que- o dinheiro nãO' chega!»

Em vez, de irem ao encontro- destas greves quási que as provocara.

Outra cousa não foi senão uma provo-cação-o--ter posto-, ainda antes de declarada a greve dos ferroviários do Sul e Sueste, soldados bisonhos do g-uaixla a. profissionais dentro das locomotivas." Homens quet trabalham não podem ser guardados por soldados.

Homens que trabalham têni de ser guardados mas é por uma educação boa, por. uni princípio- de morigeração que lhes íuça ter a noção dos seus deveres.

. Por consequência, foi uma provocação* E quando eu fui, propositadamente, ao Barreiro e vi, quando uin comboio partia, um soldado'bisonho subir para a máquina,, para, segundo as ordens do Governo, impedir qualquer acto de sabotage, eu não pude deixar de me sorrir ... j Esse soldado sabia lá o que era uma. válvula, um parafuso,, uma torneira! Sinti-me, pois, ofendido moralmente e tive pena nesse momento de não ser fogueiro, porque como pretexto da presença ali duui estranho, teria varado os miolos do soldado que lá tivessem posto a guardar-me.

Mas, seguindo o fio das minhas considerações; dão-se estas tremendas greves; a opinião* pública, está zangada porque não tem meios-de:fa?;er face à carestia da, vida. e atribui, na-soa análise simplista, esse facto às greves, esqueceudo^se do-que antes-delas já não tinha alimentos. Ornais extraordinário é ser o comércio quem' mais se evidencia em- manifestações de' dosoVdem contra.os grevistas; ele que éj realmente, quarn' tem lançado o país nesta situação de fome; ele que, é o causador das, greves, com a sua ganância; 6lo que tem reduzido as- classes proletárias emt Portugal à fome e à miséria! ; ..

r;Mas. afinal de contas., que medidas tem tomado o Governo para resolver o conflito?

E- se a tropa foi mobilizada para impe* dir a sabotage; e se se querem castigar os -autores da sabotage, que, aliás, em Portugal-nam se sabe' fazer, ,; porque é-que

Diário da Câmara dos Deputados

não se impede- e não se castiga a sobotage que o Governo tem feito? Eu ainda nãoi vi o castigo1 que o- país deu ao Govôrno pelos seus actos de sabotage, E há, realmente, a sabotage do Estado, e essa é que é bem rnais terrível, porque tem-produzido todo «estes males de que •:• país sofre. <_ estado='estado' saber='saber' bordo='bordo' têni='têni' do='do' protecção='protecção' às='às' para.='para.' das='das' traficâncias='traficâncias' ela='ela' são='são' ali='ali' vai='vai' produzido='produzido' inexperientes='inexperientes' assumo='assumo' dando-lhe='dando-lhe' óquem='óquem' ao='ao' as='as' ordens='ordens' fazendo='fazendo' que='que' navios='navios' dos='dos' querem='querem' mãos='mãos' pelas='pelas' da.='da.' avarias='avarias' sabotage='sabotage' _6le='_6le' responsabilidades='responsabilidades' colocados='colocados' _='_' máquinas='máquinas' a='a' vapor='vapor' os='os' e='e' minho='minho' é='é' responsabilidade='responsabilidade' vítimas='vítimas' soldados='soldados' comércio='comércio' p='p' toma='toma' quem='quem' qual='qual' governo.='governo.'>

O Sr. Ministro do Comércio (Velhinho Correia): —Garanto a V. Ex.a que não.há vítimas; não há nenhum caso de morte.

O Orador: — A imprensa a isto se referiu, até hoje sem desmentido.

Mas houve ainda outro acto do sabotage: ^V. Ex.a nega, acaso, que um vapor esteve encalhado durante uma noite inteira sem que os passageiros pudessem sair? A qutnii atribuir u facto? A intransigência do Estado.

Vozes: — Não apoiado !

O Orador: — Quanto à liberdade alo comércio, têm-se verificado as cousas mais espantosas. Vamos à prática e baixemos aos pequenos casos q>ue são muitas vezes deveras sintomáticos, j A peixeira compra na lota cestos de carapau* contendo 60 a. 70 dúzias, poy 3$ e 4$ e vem para. a rua vendel-o à razão' d© lj$50 a dúzia! Ainda há dias um homem ficou com a cabeça quebrada, tendo- de recolher ao hospital em perigo, de vida por um desses muitos casos de ganância da parte do comerciante. Um indivíduo comproumuma loja um litro- de azeite por 3$60 o tendo uni seu compadre achado o preço razoável em face da sua carestia, dirigiu-se ao.' citado estabelecimento e pediu igualmente um litro de azeite que lhe foi vendido, mas já por 5$! Em presença de um tal' desaforo, o homem, não se conteve e deu--lhe> com! á garrafa na cabeça;