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Diário da Câmara doa Deputado»

-aqui esteja. A mesma cooperação o partido a que pertenço deu sempre a qualquer Governo, e cumpriu-a! (Apoiados).

E certo que um Governo que não tenha um plano de acção governativa não tom o direito de se sentar nas cadeiras do Poder; mas um Governo, cujo plano de .acção governativa esteja dependente da vontade exclusiva dum partido, não tem a sua vida assegurada e livre, e, portanto, teimando em governar, está apenas impedindo que um outro Governo com mais elementos de acção possa governar melhor o país. Este é o facto! Quaisquer palavras produzidas ou a produzir, não destroem a sua significação; e eu tenho, como chefe do Governo, a obrigação de interpretar os factos tal como eles são na sua simplicidade e nas suas consequências. •(Apoiados).

Por isso, nada mais tenho a acrescentar, senão dizer que agradeço a explicação do Sr. António Maria da Silva, quando diz que entende que este Governo deve continuar no Poder.

Se, porventura, S. Ex.a se tivesse exprimido por uma forma tam clara e terminante, as considerações que eu produziria teriam certamente seguido uma directriz muito diferente. Eu disso então — conveniente é acentuá-lo—que iria dar conta ao •Chefe de Estado do que se passara nesta sessão e comunicar-lhe que o Partido Republicano Português retirara o seu apoio ao Governo, que se constituíra com a base da su'a representação, submetendo ao seu juízo prudente e avisado o exame da situação tal qual foi criada pela atitude do referido partido.

'Vozes:—Muito beui: muito bem. O orador não reviu.

O Sr. Júlio Martins:—Não estranhe a Câmara que nesta altura faça uso da palavra. Faço-o, porém, por não estar presente o ilustre Deputado Sr. Cunha Liai, que na série de considerações que-produziu acusando o Governo pelos seus atos de péssima administração, evocou aquele personagem de Sheaskpeare quando dizia «que nem todas as águas do mar seriam suficientes paralavar as suas mãos», e ao ouvir o Sr. Presidente do Ministério a propósito desse confronto, falar em traição e em .traidores...

i O Sr. Presidente do Ministério e Minis-[ tro da Agricultura (António Gr anjo):—Eu : entendo que neste Parlamento não se po-• dem proferir palavras sem sentido. Se , não há águas do mar capazes de lavar as ; minhas mãos ou é por eu ser um crimi-; uoso ou um traidor.

O Orador: — Lavar as mãos dos erros : que cometeu, simplesmente. Não se falou ; em traição nem em traidores. Se ó certo j que dentro desta casa por vezes nos en-: contramos afastados sob o ponto de vista Í administrativo, não é menos certo que nós j todos temos pelos membros do Governo j a consideração suficiente para lhes não ' fazermos uma tal acusação.

O Sr. Presidente do Ministério e Minis-| tro da Agricultura (António Granjo):—De j facto eu conheço o Parlamento do meu i país e sei que as palavras que nele se i proferem não têm muitas vezes o sentido j que deriva da sua letra. Pessoalmente .sei , que o Mentido dessas palavras não podia i ser esse, mas lá fora, queni não conhece j os hábitos deste Parlamento, podia inter-j pertâ-las cie maneira diferente.

i O Orador: — As afirmações de S., Ex.;l

poderiam, porventura, ter um significado

ainda mais crítico. S- Ex.a começou por

j dizer que as Nações precisam de olhar

para a sua vida interna e pôr-se a coberto

! dos olhos cobiçosos que as espreitam o

i acabou por afirmar que a história diria

! mais tarde quais tinham sido os traidores.

l Isto é que é grave.

i O Sr. Presidente do Ministério e Minis-i tro da Agricultura (A.ntónio Granjo):—A j afirmação que fiz foi de carácter absolu-I tamente genérico sem pensar na minha ; pátria mais do que cidadãos doutras pá-! trias delas pensam.

j O Orador: — Sabe o Sr. Presidente do j Ministério que eu sou amigo pessoal de S. Ex.a, embora seja hoje seu intransigente inimigo político. Nunca deixamos de ter por S. Ex.a a consideração que lhe é devida como republicano e homem de bem. (Apoiados).